10/02/2023 - Relato de uma expedição solo de caiaque pela Lagoa dos Patos
Logo cedo, passei pela bolanta do João Braga, totalmente fechada, praticamente no Pontal São Simão. Fiz a curva no pontal, tendo que arrastar um pouco o caiaque.
Fui remando lentamente, numa lagoa tranquila, praticamente parada, até a acolhedora comunidade da Caieira. Parei por lá, comprei várias garrafinhas de água e algumas bolachas para comer. Não que estivesse faltando, mas era melhor recarregar, pois o próximo possível ponto com alguma estrutura seria em Tavares.
Encontrei o seu Wilson e o seu Valmir, este último é o novo dono do Lagobar. O antigo dono, que morava em um ônibus, seu Ernani, acabou indo embora das Caieiras.
Fiquei sabendo também que o atencioso João Braga teve um AVC, mas estava já se recuperando. Fiquei triste com a notícia, recordei com o Wilson nossa passagem pelas Caieiras, na Remada Caminho dos Farois e finalizei deixando um abraço para o João Braga.
Ahhh, seu Valmir me ofereceu um suco bem gelado de melão, que estava muito bom. Conversamos mais um pouco, nós três, e depois voltei para a minha missão de remar. Fui, ainda lentamente, para o porto do Barquinho, ver como as coisas estavam. E vi que estavam muito secas...
O porto estava seco, eu caminhava com água pela canela, bem no meio dele...
Segui costeando, meio em marcha lenta, sentindo um certo desânimo até. Notei que eu acaba refletindo, de certa forma, o ritmo da lagoa: se a lagoa está parada, meu ritmo era lento... se a lagoa começava a ficar mais mexida, meu ritmo melhorava muito, meu ânimo também.
Em certo momento, decidi que uma travessia de 10 km até o farol poderia fazer bem para minha falta de ânimo... Aproei para o Cristóvão Pereira, ganhei ânimo, velocidade e animação... Muitos bancos de areia na volta do farol.
Passei o farol, mais animado com as minhas últimas horas de remada, com a sensação de missão cumprida naquele dia, segui remando lentamente, curtindo o horário que eu mais gosto, o final da tarde. Achei um ótimo acampamento bem próximo da água.
Acampamento perto da água, tudo mais fácil e rápido de organizar... Aproveitei o lindo pôr-do-sol da costa leste da Lagoa dos Patos.
Depois do Porto do Barquinho, eu estava desanimado, tão lento quanto a lagoa, que estava praticamente parada. Remar costeiro me tirava o ânimo, me deixava mais lento ainda, não produzia adrenalina, não necessitava de foco ou atenção. Remar costeiro me tirava até a confiança de fazer uma travessia maior. Remar costeiro é zona de conforto, é segurança psicológica.
Notei que a travessia gera adrenalina e me deu ânimo para acelerar a remada. A adrenalina faz a gente ficar focado, atento, confiante. O tempo passa mais rápido. Precisamos estar ligados, para diminuir as chances de algo dar errado.
Tudo isso serve tanto para a lagoa, quanto para a vida... Acho eu!
O que é remar costeiro na vida? O que é fazer uma travessia?
Nenhum comentário:
Postar um comentário