08/02/2023 - Relato de uma expedição solo de caiaque pela Lagoa dos Patos
Acordei bem cedo novamente, com o objetivo de ver se tudo está OK no acampamento. Na minha cabeça pensava que se acordasse cedo, existiam poucas chances de estar passando alguém por aquelas bandas.
O vento era algo como Leste ou Nordeste, e vinha do outro lado das dunas da Ponta das Desertas, então imaginei que iria atrapalhar um pouco meu progresso naquele dia, pelo menos até chegar na outra costa da lagoa.
Pela foto, quando o sol nasceu, eu já havia até desmontado a barraca.
Lembro que preparei um copo com leite em pó, achocolatado e whey protein. Comi frutas e bolachas. Acho que comi até um pouco do arroz com galinha que preparei na noite anterior.
Minhas experiências na região da Varzinha não eram nada boas, sempre muito vento e normalmente contrário a direção que eu queria ir. Então resolvi fazer um bordo, mas estava muito na dúvida para onde:
- Para a Ponta do Abreu, um bordo de uns 17 km, mais conservador.
- Para a Ponta do Anastácio, um bordo de uns 18 km.
- Para o Leste, confiando apenas na bússola, uns 21 km, onde iria ganhar uma boa distância.
Acabei escolhendo a opção mais conservadora, garantindo um leve conforto de conseguir enxergar uma pequena mancha escura entre a lagoa e o céu, que imaginava ser algum mato na margem do outro lado.
Ao chegar lá na Ponta do Abreu e olhar para trás, os morros de Itapuã já estavam pequenos, o Morro da Formiga já quase não conseguia ver.
Fiz uma pausa para alimentação e descanso (quase dormi um pouco), com direito a um bom banho de lagoa para relaxar. O sol estava forte e o calor também, a água da lagoa morna. Agora era não perder muito tempo e fazer logo a travessia pela boca da Lagoa do Casamento, algo em torno de 6 km.
Na travessia acabei mirando para o ponto mais ao Norte do Pontal do Anastácio, quando me dei conta, comecei a aproar para o ponto mais ao Sul (no trajeto do SPOT essa mudança fica bem evidente). A lagoa havia acalmado.
Chegando na margem Leste da Lagoa dos Patos, continuei a remar, tranquilo e curtindo a evolução naquele dia. No final da tarde, eu iniciei a busca por um local para acampar. A lagoa baixa, cria grandes faixas de areia na margem, dificultando encontrar um local abrigado e próximo da margem.
Remar sozinho não é tão ruim quando carregar sozinho todas as tralhas para o local de acampamento. Nesse momento, faz falta uma parceria para compartilhar a árdua tarefa de levar caiaque e tralhas até o mais próximo possível do local da barraca. A dificuldade de encontrar locais perto da margem seria uma companheira em vários dias na lagoa.
Em uma moita solitária que encontrei para proteger minha barraca do vento, encontrei também uma centena de mosquitos se protegendo do mesmo vento: não era só eu que queria proteção.
Lembro de estar com bastante dor nas mãos, pelas bolhas que estavam aparecendo. Acho que não preparei janta, estava cansado e fui dormir.
Neste dia, comecei a praticar um espécie de gratidão, pela noite ter sido tranquila, sem chuva, sem imprevistos. Essa gratidão, pelas coisas que eu não tenho praticamente nenhum controle e que mesmo assim deram certo, me acompanhou por toda a remada.
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