14/02/2023 - Relato de uma expedição solo de caiaque pela Lagoa dos Patos
Com o celular de hora em hora despertando para verificar a maré, pelas 3 da madrugada a água estava muito próxima da barraca. Desmontei ela, guardei, botei colete e saia, e saí para navegar, em direção a costa, mais especificamente, na direção das luzes (das casas e das redes de camarão). A lua cheia estava me ajudando um pouco e o vento era pouco ou quase nada.
Fui remando, lentamente, preocupado com alguns trovões e o mau tempo que eu conseguia ver pro lado de Rio Grande. Minha preocupação era ficar nublado e perder a luz vinda da lua. Cheguei na curva do Retiro, depois segui mais lentamente ainda para São José do Norte. Até pensei em parar e acampar, mas me sentia confortável dentro do caiaque. Não adiantava acelerar, pois só faria a travessia com o mínimo de visibilidade: no caso, que as outras embarcações conseguissem me ver...
Pelas 5 da manhã, estava eu quase no terminal do catamarã que faz o transporte SJN - RG. Fiquei ali, abraçado numa poita, esperando o dia clarear, para que a travessia fosse mais segura. Tendo sinal no celular, instalei um aplicativo que fazia a lanterna do celular piscar a cada 2 segundos, botei o celular com a luz piscando dentro de um pote estanque branco e deixei o pote no convés do caiaque. Pronto, meu barco tinha luzes piscantes de sinalização, para fazer uma travessia mais segura.
Pelas 5:30, com o dia começando a clarear em SJN, comecei a travessia. Tinha certa pressa, pois o tempo estava cada vez mais fechado. Na travessia, o canal de navegação é muito bem sinalizado, garantindo um certo conforto. Logo, estava perto da ilha dos Marinheiro, segui em direção a WindPlace, cuidando principalmente com os vários bancos de areia.
Tinha combinado com o Castilha, que ficaria aquele dia na WindPlace, mas minha ideia era chegar no meio da tarde. Antes das 8 da manhã estava lá, conversei com o caseiro Thales, pedi uma chave de fenda para trocar as pilhas do SPOT, e resolvi tocar para Pelotas, mesmo cansado, para passar o dia com a família e amigos.
O trajeto para Pelotas foi cheio de preocupação, bastante vento contra, muitos bancos de areia no caminho, principalmente entre a Ilha dos Marinheiros e a Torotama. Além disso, dois temporais passaram muito perto de mim.
Sobre os temporais, situação complicada: queria remar rápido para me abrigar em algum canto, na Torotama haviam várias casinhas. Ao mesmo tempo que não queria me afastar da margem, para ficar mais próximo da terra e poder sair da água rápido, o baixo nível de água não permitia que eu conseguisse remar, pois a pá do remo nem entrava toda na água, obrigando o remo a entrar quase de lado na água. Situação complexa, precisar remar mais rápido e não conseguir...
Quase no Saco do Silveira, escuto gritos vindos da margem, era o Joel, me esperando para remar os últimos kms até Pelotas. A presença dele foi o incentivo que faltava para navegar contra o vento os últimos 10 km. Conversamos bastante (escutei mais que falei, obviamente...). Chegamos no trapiche do Laranjal, meu pai estava lá esperando...
Conversamos bastante, combinamos um churrasco para mais tarde na Prowind. Depois o pai me auxiliou a levar os equipamentos para casa. Estava em Pelotas e como havia antecipado o trajeto RG-PEL, decidi fazer um dia off...