27/03/2020

Remada Águas de MARço - preparação, início, day off 1 e 2



(Fotos e vídeos: Leonardo Esch, Pablo Grigoletti, Damor Saccomori)

Dia 29/FEV/2020 - Sábado - Preparação

Acordei cedo e, como já havia deixado tudo organizado no carro, tive um bom tempo para me despedir da Fernanda. Mais uma vez ela ficaria em casa, firme e forte, me acompanhando e apoiando de longe.

Peguei o carro e parti rumo a Maquiné/RS, pequena cidade gaúcha, até o Recanto (nome pelo qual todos chamam carinhosamente a casa do Leonardo e da Tiane). Cheguei bem na hora boa, na hora do almoço. E lá fui eu fazer o primeiro grande "esforço" da remada, almoçar... Depois do almoço, da sobremesa e do café, a Tiane sempre preocupada com o horário, nos botou na linha e fez com que nos movimentássemos.


Tralhas todas no carro do Leonardo, que tinha os dois suportes em J para os caiaques, tudo ok. Apnas ficamos em dúvida se teria espaço pro Damor. Logo partimos...

Era mais uma um projeto que havia sido planejado que estava iniciando. Depois de partir, tudo que vem pela frente é um grande desafio...




(Acho que alguém queria ir junto...)


Passando por Tubarão/SC fomos fazer uma visita ao amigo Alexandro Demathe, grande incentivador da canoagem nos pagos catarinenses, que nos recebeu com aquele café moído na hora.

Papo vai, papo vem, hora de seguir viagem, rumo a capital catarinense, ou quase lá. Fomos até São José/SC, onde o Damor e da Lúcia, sua esposa, já estavam nos esperando.

Eles nos receberam com caipirinha, chimarrão, churrasco e saladas variadas. Acho que aquilo seria o prenúncio do que aconteceria pelo resto dos dias, muita comida e bebida, e algumas remadas.



 


Depois do churrasco, ainda fomos visitar a ponte Hercílio Luz, recém reformada. Ficamos pensando em quando passaríamos por baixo daquela ponte de caiaque.


Expectativas altas pra essa remada. Voltando ao apartamento deles fomos descansar, para acordar bem cedo no outro dia, pois ainda tínhamos bastante estrada pela frente.

Dia 01/MAR/2020 - Domingo - Início

Acordamos cedo, perto das 5 da manhã, tomamos um bom café e pegamos a estrada no horário. A ideia era chegarmos cedo, para que o Damor, que teria que voltar até Porto Alegre naquele mesmo dia, pudesse ter mais tempo. O Leo foi dirigindo e o Damor dormindo um pouco. Chegamos em Guaratuba pelas 10 horas da manhã. Eu já conhecia aquela praia, de uma viagem que fiz com a Fernanda.






Achamos um lugar para estacionar e começamos a descarregar as coisas. Logo chamamos a atenção pela quantidade de equipamentos e mantimentos... Desta vez, nem eu nem o Leonardo havíamos testado se tudo que havíamos separado para levar cabia dentro do caiaque, mas coube, como sempre... O Damor ficou nos ajudando e fazendo alguns vídeos, com seu estilo único, que é muito divertido.

Nos despedimos do Damor com um forte abraço e agradecimentos, logo fomos pra água. Já começava um dos primeiros desafios de remar no mar, a entrada. A gente se organiza no caiaque ainda em terra, fecha a saia, e vai se arrastando devagar pra dentro do mar. Mas as ondas vão batendo no barco e tirando ele da direção certa. Daqui a pouco o caiaque está de lado pras ondas. Ai complica tudo e fica mais fácil sair, alinhar e tentar denovo... Já é complicado por causa das ondas do mar, que são normalmente mais fortes, e ainda mais com o barco totalmente carregado... Aprendizados que ficam.



Saímos remando, o dia ainda estava bom e com pouco vento na praia central de Guaratuba, talvés protegidos pelo Morro do Cristo. Passamos a proteção do morro e fomos remando até a ilha que está na divisa dos estados de Santa Catarina e Paraná: a ilha Saí-Guaçu, que fica na boca do rio de mesmo nome que divide os estados. Nos contaram que na ilha tem uma placa, ao estilo marco de fronteira, mas não conseguimos parar lá para ver, as ondas já estavam nervosas e o vento atrapalhando.


Nesse momento o vento sul já estava bem forte. Paramos logo passando a ilha. O Leonardo notou que a tampa do compartimento de popa não havia ficado bem fechado e o compartimento estava lotado de água. Na parada, colocou algumas coisas para secar, enquanto comíamos um lanche e analisávamos o mar.




O tempo não estava bom, mas decidimos seguir mais um pouco pro sul, em direção a umas árvores altas que avistamos. O Marcos Lenzi havia nos falado que o Fuchs havia parado na foz do rio, mas que ele sabia que havia um camping um pouco mais na frente. Por sorte ou destino, paramos exatamente nas árvores grandes, onde ficava um dos campings de Itapoá.

Fomos caminhando até uma casa ao lado do local, onde tinha uma senhora... Essa senhora nos disse que aquele terreno ao lado da casa também era um camping. Negociamos um valor e ficamos por alí mesmo. Creio que remamos apenas 18km neste dia, um bom aquecimento para os dias que viríam, ou ainda não...

Nos fundos do terreno já era o rio Saí-Mirim.









(Spot ainda funcionando)



Arrumamos as barracas, caiaques, jantamos e banho (que acreditávamos ser quente... pura ilusão). Hora de dormir.



O Damor fez quase 700km para voltar de Guaratuba/PR, passar em Maquiné/RS para deixar o carro do Leonardo e ainda ir até Porto Alegre/RS, mas cumpriu a missão com sucesso.


Em mapas nosso trajeto do dia:



DIA 02/MAR/2020 - Segunda - DAY OFF 1

Acordamos pelas 7h, depois de uma noite de chuva, a barraca do Leonardo foi a que mais sofreu, mesmo sendo uma NorthFace.


Leonardo foi na beira do mar ver como estavam as coisas e voltou com conclusões não muito boas: tempo fechado, neblina e ondas altas... 



Sendo assim, fomos preparar um café da manhã com tranquilidade, já com a ideia de ficarmos parados naquele dia.


Depois do café até abriu o solzinho... Opá, fomos afoitos arrumar as coisas para cair na água. Nem deu tempo de chegar perto do mar e o clima já havia piorado. Voltamos com as coisas (caiaques e sacos estanque) para dentro do pátio da casa que havíamos invadido, para nos proteger da chuva, e fomos bater papo, descansar e comer mais um pouco. Esse pátio era tapado por um telhadinho, que nos ajudou bastante...




Depois de um bom café da manhã, de uma tentativa frustrada de ir pra água, de descansar mais um pouco, nada melhor que preparar um almoço...



(cartoon feito pelo Niltão)

Depois do almoço, um descanso merecido, foi muito esforço em uma manhã só. Nesses dias cada um acha coisas para passar o tempo: cozinhar, planejar, caminhar, tirar fotos, dormir, usar o celular. 


No meio da tarde, estavam se formando algumas nuvens que nos avisavam que havíamos acertado na decisão de ficar parados.


Cansamos de descansar e, no final da tarde, decidimos fazer uma pequena remada, com os caiaques vazios, para conhecer o rio Saí-Mirim (Strava). Tentei fazer um rolamento no rio e não deu certo. Ai já treinamos um resgatezinho assistido.




Nesse momento, algo estranho acontecia, o vento era sul e a previsão se estendia por alguns dias. Era bem estranho, já que as previsões dos dias anteriores não mostravam nada disso. A previsão não era nada animadora para os próximos dias.


DIA 03/MAR/2020 - Terça - DAY OFF 2

Chuvarada durante a noite, a barraca do Leonardo ficou inundada e ele se mudou, de barraca e tudo, pra baixo do telhadinho da dona Isaura.




O dia iniciou ruim novamente e nos mantivemos por lá, fazendo o tempo passar... Ao final da tarde o céu já estava abrindo um pouco mais e saímos para tomar mate, olhar o mar, ver os surfistas aproveitando as grandes ondas e conversar com a dona Isaura, proprietária da casa e do terreno onde estávamos acampados.



Ao final do dia fizemos uma longa caminhada pela cidade, compramos mais mantimentos, na esperança de seguir no próximo dia. Ao final da noite uma cervejinha e um xis. Fizemos um brinde aos bons dias que ainda virão.



Bom de começar com o tempo ruim é que as chances da coisa ficar ainda pior são pequenas... hehehe.

Remada Águas de MARço


Há alguns anos tento sempre fazer uma remada maior no verão, normalmente no mês de Janeiro (Expedição Lagoa dos Patos 360º em Janeiro de 2015, Expedição Graxaim pela Lagoa Mirim em Janeiro de 2016, Remada Caminho dos Faróis em Janeiro de 2019). Pensei em mudar o período do ano para tentar não pegar um clima tão chuvoso, ventoso e com tantos temporais, como nos anos anteriores. Será que deu certo? Veremos...

O planejamento desta remada era um pouco ousado, tanto em termos de distância/tempo, como de logística. Com relação ao planejamento do trajeto, eu tinha na cabeça as remadas nas lagoas aqui do RS, onde havíamos realizado em média, 600km em 18 dias, contando dias parados. Usamos essa mesma média para planejar a remada Águas de MARço. A ideia inicial era sair de Guaratuba/PR e ir até Torres/RS ou ainda até o Recando, em Maquiné/RS. Será que conseguimos?


(Plano inicial da remada Águas de MARço)

Apesar dessa ideia de distância/tempo, nós tinhamos sempre em mente que queríamos remar mas também aproveitar o tempo para conhecer os lugares e as pessoas. Para nós sempre foi importante balancear essas duas coisas. Além disso, outro ponto bem importante para nós sempre foi a questão de remar com alto nível de segurança.

Remar no mar era um desafio novo também. Mesmo já remando há algum tempo, pouco tive contato com a água salgada em remadas. Fazer uma remada assim seria algo diferente e bem desafiador para mim. O Leonardo já estava bem mais acostumado. Antes de iniciarmos ficamos questionando quais as implicações da água salgada nos caiaques, no nosso corpo, nos equipamentos...

Na questão logística, até os 45 minutos do segundo tempo não havíamos conseguido resolver as principais pendências. Não foi fácil encontrar alguém que nos ajudasse a trazer o carro de volta, lá de Guaratuba/PR. Mas fui conversar o amigo Damor, que depois de buscar uma autorização expressa em sua casa, se dispôs a ir com a gente até lá e trazer o carro de volta. Ele bolou um ótimo plano, com um stopover perto de Floripa, e nós seguimos à risca as suas instruções. Mais tarde conto como foi todo esse plano...

Como estas questões logísticas demoraram muito para se resolver, quase que a remada não saiu. Assim, os convites para remar junto acabaram até não acontecendo. Mas outras oportunidades virão... Acabamos indo apenas eu (Pablo Grigoletti) e o Leonardo Esch, ainda com a possibilidade de alguns amigos remarem junto com a gente em trechos específicos.

Com todos estes desafios veio junto muita vontade de superar limites, de conhecer lugares novos, de viver situações diferentes. E lá fomos nós...

Abaixo os link para as etapa da Remada Águas de MARço. Vou liberando as histórias conforme for escrevendo as mesmas. Abraços e boa leitura.
  1. Remada Águas de MARço - preparação, início, dayoff 1 e 2
  2. Remada Águas de MARço - de Itapoá até São Francisco do Sul, caminhada puxada e dayoff 4
  3. Remada Águas de MARço - de São Francisco do Sul até a Ilha dos Remédios
  4. Remada Águas de MARço - da Ilha dos Remédios até Barra Velha e dayoff 5
  5. Remada Águas de MARço - de Barra Velha até Laranjeiras e Laranjeiras até Retiro dos Padres
  6. Remada Águas de MARço - de Retiro dos Padres até Zimbros e dayoff 6
  7. Remada Águas de MARço - de Zimbros até a baía de São José
  8. Remada Águas de MARço - da baía de São José até a Guarda do Embaú
  9. Remada Águas de MARço - dayoff na pousada Maktub e logística de volta