(Fotos e vídeos: Leonardo Esch, Pablo Grigoletti)
Cedo da manhã o alemão já foi ver o mar e veio com boas notícias... Acho que ele também já estava com aquela ansiedade de ficar algum tempo parado. Filosofando um pouco, queremos que tudo ande no nosso ritmo, mas quando estamos na natureza, só obedecemos o ritmo que ela impõe. Cada um tem seu ritmo, temos que tentar nos adaptar... Como diria o escritor e filósofo Ralph Waldo Emerson: "Adote o ritmo da natureza. O segredo dela é a paciência".
Fui primeiro, para que o Leonardo ficar gravando (também deixei ligada a GOPRO) e logo depois ele entrou no mar também. Incrivelmente, depois das ondas o mar estava manso, bem agradável.
(GOPRO gravando a entrada no mar...)
Ainda estávamos com uma grande dúvida, uma questão importante e que a decisão seria tomada nas próximas horas. Ir por dentro ou por fora da Baía da Babitonga?
No início do planejamento, achávamos que o Canal do Linguado tinha ligação com o mar, pelas imagens do GoogleMaps parecia certo. No entanto, quando estávamos em Itapoá, descobrimos que não, que "o canal foi fechado por um aterro para permitir a passagem da estrada de ferro, no ano de 1935. Isso resultou numa série de problemas ecológicos para a Baía da Babitonga e para a laguna da Barra do Sul pela interrupção do fluxo das correntes de maré que tinham grande influência na dinâmica estuarina. Observou-se a partir de então a diminuição das profundidades da baía, assoreamento e queda no rendimento das atividades pesqueiras. Hoje se discute a reabertura do canal para voltar a permitir o fluxo normal das correntes de maré." (Wikipedia)
Então, resumindo, o Canal do Linguado é fechado e que somente quando a maré está cheia, é possível remar até perto da BR-280. Em outros horários ficam algumas centenas de metros de lodo, com toda a merda vinda de Joinville/SC. Esse item foi o primeiro furo de planejamento. Depois, pesquisando, vimos um relato do Danilo Garcia, falando que resolveu ir por dentro e passou pelo problema do lodo...
Como o mar estava convidativo, acabamos indo por fora mesmo. Analisando prós e contras, decidimos assim. Passamos tranquilamente por fora da barra da Baía da Babitonga.
Fomos fazer a primeira parada na Praia do Forte, bem na hora do almoço. Ficamos por lá fazendo um lanche, muito tranquilos e protegidos do vento...
Depois disso seguimos remada, o mar começou a ficar grande e o costão nos desafiava com as ondas de rebote, mesmo estando bem longe dele. Acho que bebemos muito caldo de cana, não fez bem para o estômago. Eu estava sentido bastante desconforto no estômago, o Leonardo acabou vomitando o caldo de cana... Por pouco eu também não fiz o mesmo.
As ondas estavam bem grandes e víamos estourarem num grande pedregulho na beira da praia. Seguimos mais um pouco, até que o desconforto e as ondas estavam tão grandes que resolvemos parar.
Leonardo saiu do mar de boa, só na espuminha, como ele fala. Eu tomei um grande capote. Acabei ejetando e ficando alí, na zona de impacto, tentando catar meu chapéu e a esponja, enquanto segurava o remo e o caiaque, e tomava porrada das ondas, até chegar na beira da praia. Não é nada legal, mas eu estava bem tranquilo. Acabei ficando com uma dor na perna depois do acontecido.
Estavamos na Praia do Açaraí, basicamente uma estrada de terra na beira do mar, onde não passam muitos carros, (apenas a gurizada que não quer pagar motel passa por lá a noite), que liga a Praia Grande à Praia do Ervino.
Montamos acampamento, fizemos uma boa janta (teve que ser leve por causa de ainda não estarmos bem do estômago). A previsão não era das mais animadoras para os próximos dias. Durante a janta o Leonardo atualizou as cartas náuticas com os dados do dia. Depois fomos dormir.
Após uma noite com vento e alguma chuva no acampamento exposto na falésia, analisamos a previsão do tempo e optamos por não seguir. Ó dúvida cruel... Confesso que fiquei na dúvida entre seguir 20km ou voltar 3km... Mas aceitei a ideia do alemão de voltarmos. Segundo a previsão, somente sábado o tempo começa a dar sinais de melhora, então decidimos voltar até a Praia Brava, onde poderíamos ter mais conforto.
(Eis aqui a razão do tempo feio...
Um centro de baixa pressão no oceano, bem do nosso lado)
Dividimos toda a carga em 3:
- 2 sacos tipo mochila com o máximo de carga pesada possível;
- caiaque do Pablo com alguma carga;
- caiaque do Leonardo com alguma carga.
Começamos pela beira da praia, mas a areia fofa e grossa dificultava bastante. Continuamos pela estradinha. Levávamos um caiaque, voltávamos para pegar os sacos e voltávamos novamente para levar o segundo caiaque. Caminhamos, portanto, cinco vezes a distância.
Depois de 15,50km de caminhada, bolhas nos pés e ombros destruídos por apoiar os caiaques, chegamos à Praia Brava.
Depois de muito caminhar, chegamos bem cansados na Pousada da Ilha, única aberta naquelas bandas.
Pessoal simpático, nos conseguiu espaço para guardas os caiaques, lavar e secar os equipamentos.
Banho nos equipos, depois banho e descansar e jantar... um luxo só.
(Merecemos...)
Acho que foi o dia mais cansativo de toda a remada...
No início do dia fomos tomar café numa padaria e o Leonardo aproveitou pra gravar um vídeo de como estava o mar...
De lá decidimos ir ao Museu do Mar.
Dia de conhecer um pouco da Praia Brava e visitar o Museu Nacional do Mar, o Porto de São Francisco do Sul/SC e um pouco da Baía da Babitonga. O museu é muito legal, cheio de barcos artesanais, além de uma réplica do barco que o Amir Klink usou para atravessar o Atlântico.
Pelas previsões, o próximo dia ia estar melhor e conseguiríamos dar continuidade a nossa remada. Será? Dos 6 dias, tinhamos conseguido remar apenas em 2 deles. Comecei a pensar bastante nisso, pois a ideia de remar em Março era justamente se afastar do tempo ruim. Mas o mar impõe bem mais restrições que as lagoas e comecei a aprender isso na marra.
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