Dia 29/FEV/2020 - Sábado - Preparação
Acordei cedo e, como já havia deixado tudo organizado no carro, tive um bom tempo para me despedir da Fernanda. Mais uma vez ela ficaria em casa, firme e forte, me acompanhando e apoiando de longe.
Peguei o carro e parti rumo a Maquiné/RS, pequena cidade gaúcha, até o Recanto (nome pelo qual todos chamam carinhosamente a casa do Leonardo e da Tiane). Cheguei bem na hora boa, na hora do almoço. E lá fui eu fazer o primeiro grande "esforço" da remada, almoçar... Depois do almoço, da sobremesa e do café, a Tiane sempre preocupada com o horário, nos botou na linha e fez com que nos movimentássemos.
Tralhas todas no carro do Leonardo, que tinha os dois suportes em J para os caiaques, tudo ok. Apnas ficamos em dúvida se teria espaço pro Damor. Logo partimos...
Era mais uma um projeto que havia sido planejado que estava iniciando. Depois de partir, tudo que vem pela frente é um grande desafio...
Passando por Tubarão/SC fomos fazer uma visita ao amigo Alexandro Demathe, grande incentivador da canoagem nos pagos catarinenses, que nos recebeu com aquele café moído na hora.
Papo vai, papo vem, hora de seguir viagem, rumo a capital catarinense, ou quase lá. Fomos até São José/SC, onde o Damor e da Lúcia, sua esposa, já estavam nos esperando.
Eles nos receberam com caipirinha, chimarrão, churrasco e saladas variadas. Acho que aquilo seria o prenúncio do que aconteceria pelo resto dos dias, muita comida e bebida, e algumas remadas.
Depois do churrasco, ainda fomos visitar a ponte Hercílio Luz, recém reformada. Ficamos pensando em quando passaríamos por baixo daquela ponte de caiaque.
Expectativas altas pra essa remada. Voltando ao apartamento deles fomos descansar, para acordar bem cedo no outro dia, pois ainda tínhamos bastante estrada pela frente.
Dia 01/MAR/2020 - Domingo - Início
Acordamos cedo, perto das 5 da manhã, tomamos um bom café e pegamos a estrada no horário. A ideia era chegarmos cedo, para que o Damor, que teria que voltar até Porto Alegre naquele mesmo dia, pudesse ter mais tempo. O Leo foi dirigindo e o Damor dormindo um pouco. Chegamos em Guaratuba pelas 10 horas da manhã. Eu já conhecia aquela praia, de uma viagem que fiz com a Fernanda.
Achamos um lugar para estacionar e começamos a descarregar as coisas. Logo chamamos a atenção pela quantidade de equipamentos e mantimentos... Desta vez, nem eu nem o Leonardo havíamos testado se tudo que havíamos separado para levar cabia dentro do caiaque, mas coube, como sempre... O Damor ficou nos ajudando e fazendo alguns vídeos, com seu estilo único, que é muito divertido.
Nos despedimos do Damor com um forte abraço e agradecimentos, logo fomos pra água. Já começava um dos primeiros desafios de remar no mar, a entrada. A gente se organiza no caiaque ainda em terra, fecha a saia, e vai se arrastando devagar pra dentro do mar. Mas as ondas vão batendo no barco e tirando ele da direção certa. Daqui a pouco o caiaque está de lado pras ondas. Ai complica tudo e fica mais fácil sair, alinhar e tentar denovo... Já é complicado por causa das ondas do mar, que são normalmente mais fortes, e ainda mais com o barco totalmente carregado... Aprendizados que ficam.
Saímos remando, o dia ainda estava bom e com pouco vento na praia central de Guaratuba, talvés protegidos pelo Morro do Cristo. Passamos a proteção do morro e fomos remando até a ilha que está na divisa dos estados de Santa Catarina e Paraná: a ilha Saí-Guaçu, que fica na boca do rio de mesmo nome que divide os estados. Nos contaram que na ilha tem uma placa, ao estilo marco de fronteira, mas não conseguimos parar lá para ver, as ondas já estavam nervosas e o vento atrapalhando.
Nesse momento o vento sul já estava bem forte. Paramos logo passando a ilha. O Leonardo notou que a tampa do compartimento de popa não havia ficado bem fechado e o compartimento estava lotado de água. Na parada, colocou algumas coisas para secar, enquanto comíamos um lanche e analisávamos o mar.
O tempo não estava bom, mas decidimos seguir mais um pouco pro sul, em direção a umas árvores altas que avistamos. O Marcos Lenzi havia nos falado que o Fuchs havia parado na foz do rio, mas que ele sabia que havia um camping um pouco mais na frente. Por sorte ou destino, paramos exatamente nas árvores grandes, onde ficava um dos campings de Itapoá.
Fomos caminhando até uma casa ao lado do local, onde tinha uma senhora... Essa senhora nos disse que aquele terreno ao lado da casa também era um camping. Negociamos um valor e ficamos por alí mesmo. Creio que remamos apenas 18km neste dia, um bom aquecimento para os dias que viríam, ou ainda não...
Nos fundos do terreno já era o rio Saí-Mirim.
Arrumamos as barracas, caiaques, jantamos e banho (que acreditávamos ser quente... pura ilusão). Hora de dormir.
Em mapas nosso trajeto do dia:
DIA 02/MAR/2020 - Segunda - DAY OFF 1
Acordamos pelas 7h, depois de uma noite de chuva, a barraca do Leonardo foi a que mais sofreu, mesmo sendo uma NorthFace.
Leonardo foi na beira do mar ver como estavam as coisas e voltou com conclusões não muito boas: tempo fechado, neblina e ondas altas...
Depois do café até abriu o solzinho... Opá, fomos afoitos arrumar as coisas para cair na água. Nem deu tempo de chegar perto do mar e o clima já havia piorado. Voltamos com as coisas (caiaques e sacos estanque) para dentro do pátio da casa que havíamos invadido, para nos proteger da chuva, e fomos bater papo, descansar e comer mais um pouco. Esse pátio era tapado por um telhadinho, que nos ajudou bastante...
Depois de um bom café da manhã, de uma tentativa frustrada de ir pra água, de descansar mais um pouco, nada melhor que preparar um almoço...
(cartoon feito pelo Niltão)
Depois do almoço, um descanso merecido, foi muito esforço em uma manhã só. Nesses dias cada um acha coisas para passar o tempo: cozinhar, planejar, caminhar, tirar fotos, dormir, usar o celular.
No meio da tarde, estavam se formando algumas nuvens que nos avisavam que havíamos acertado na decisão de ficar parados.
Cansamos de descansar e, no final da tarde, decidimos fazer uma pequena remada, com os caiaques vazios, para conhecer o rio Saí-Mirim (Strava). Tentei fazer um rolamento no rio e não deu certo. Ai já treinamos um resgatezinho assistido.
Chuvarada durante a noite, a barraca do Leonardo ficou inundada e ele se mudou, de barraca e tudo, pra baixo do telhadinho da dona Isaura.
O dia iniciou ruim novamente e nos mantivemos por lá, fazendo o tempo passar... Ao final da tarde o céu já estava abrindo um pouco mais e saímos para tomar mate, olhar o mar, ver os surfistas aproveitando as grandes ondas e conversar com a dona Isaura, proprietária da casa e do terreno onde estávamos acampados.
Ao final do dia fizemos uma longa caminhada pela cidade, compramos mais mantimentos, na esperança de seguir no próximo dia. Ao final da noite uma cervejinha e um xis. Fizemos um brinde aos bons dias que ainda virão.
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