If you want to feel secure
Do what you already know how to do.
But if you want to grow…
Go to the cutting edge of your competence,
Which means a temporary loss of security.
So, whenever you don’t quite know
What you are doing
Know
That you are growing…’
(Viscott, 2003)
Muitas vezes acreditamos que o destino, a sorte ou o azar, são os responsáveis pelo que acontece com a gente. Mas a verdade é que precisamos aprender que somos os principais responsáveis pelo nosso destino, que podemos mudá-lo, que podemos viver com liberdade e escolher entre as diferentes oportunidades que a vida nos oferece a cada momento.O que acontece é que, em muitas ocasiões, temos medo, nos dá vertigem mudar a nossa vida, mudar nossas atitudes, nossa maneira de pensar... No entanto, de uma forma ou de outra precisamos sair da nossa zona de conforto. Foi disso que o psicólogo Senninger falou referindo-se às 3 zonas de aprendizagem que todos nós temos:
Zona de Conforto
Zona de conforto se caracteriza por uma série de ações, pensamentos ou comportamentos que uma pessoa está acostumada a ter e que não causam nenhum tipo de medo, ansiedade ou risco, de forma que tudo é fácil e cômodo, nada assusta. Nessa condição a pessoa possui sempre um determinado comportamento que lhe dá um desempenho constante, porém limitado e com uma grande sensação de segurança.
Tudo o que provoca medo, insegurança, dor, sofrimento ou mal-estar dispara no organismo uma defesa que nos faz ficar imóveis, faz com que as pessoas permaneçam na sua zona de conforto, sem sair da rotina. Por isso tantas pessoas não conseguem sair da zona de conforto. Definitivamente, esta zona é um desperdício de talento, um impacto negativo na imagem, representa imaturidade e insegurança.
Mas o que há de ruim na zona de conforto se estamos bem nela? É que, sem nos darmos conta, essa zona de conforto vai se transformando em uma prisão, e pode ser que em algum momento das nossas vidas vamos nos perguntar: “E se eu tivesse feito aquilo que eu queria tanto e não fiz por medo?”; “E se eu tivesse decidido escolher aquele trabalho ou começar uma relação nova?”. Esse “e se”, muitas vezes, vai nos causar grandes problemas no futuro.
Começamos a perceber que a tentação de ficar estagnado na zona de conforto gera, frequentemente, um desconforto latente. O ser humano está programado para crescer e se desenvolver e não responder a essa necessidade torna-se desconfortável, provoca frustração e azeda a personalidade.
Zona de Desafio (de Aprendizado ou de Expansão)
Mesmo que não conheçamos bem essa zona, aos poucos, com experiência, podemos suportá-la. São pequenos desafios que a vida vai nos colocando e que vamos superando. A zona de expansão é uma zona de aprendizado, somente chegando nela é que podemos aprender, crescer, fazer novas descobertas e expandir nossos limites e habilidades.
É normal termos medo de fazer papel de ridículo, de falhar, de não termos tempo para a nossa família ou para fazermos outras atividades das quais gostamos, mas a única maneira de nos libertarmos é enfrentar, tomando consciência do que ainda precisamos aprender.
Toda vez que você aprende uma coisa nova, faz algo diferente de sua rotina está expandindo seus conhecimentos e isso é a zona de expansão, que tira a pessoa da zona de conforto para um outro nível de conhecimento.
Ao sair voluntariamente da zona de conforto, nos expomos a novas experiências e a um processo de aprendizagem. Entramos na zona de desafio e é aqui que conseguimos crescer e evoluir. A beleza deste processo é que, ao sair da nossa zona de conforto, acabamos por aumentá-la, porque em breve o que era desafio passa a ser conhecido e confortável. O processo continua indefinidamente e assim desenvolvemos a nossa capacidade de lidar com situações cada vez mais complexas.
Entrar na zona de aprendizado é uma experiência limítrofe - sentimos que estamos explorando o limite de nossas habilidades, nossos limites, até onde nos atrevemos a deixar nossa zona de conforto.
Zona de Pânico
Ninguém gosta da zona de pânico. Com ela, vem o medo, a desconfiança, o risco, a incerteza, o perigo. Muito mais afastada da zona de conforto, está a zona de pânico. Entretanto, essa zona só existe para aqueles que vivem acomodados e que não se atrevem a questionar a vida. É aqui onde os outros dizem a você: “Não faça isso”, “Você vai fracassar”, “O risco de dar errado é enorme e coisas horríveis podem acontecer”.
Entretanto, a vida é imprevisível e encarrega-se de nos pôr à prova. Aquele que sempre se agarrou à zona de conforto é muitas vezes empurrado para a zona de pânico. Uma zona tão distante da realidade que ele conhece, que não tem referências nem recursos que lhe permitam gerir a situação. Foi preguiçoso e não desenvolveu o músculo que lhe permitiria assumir o poder sobre a sua vida.
Quando caímos nessa zona, a situação não é mais saudável. Não adianta tentar correr uma maratona se você só consegue caminhar 20 minutos. Nessa zona, o ser humano passa a não mais evoluir, pois há um esgotamento físico e mental, um chamado burn-out.
Na zona do pânico, o aprendizado é impossível, pois é bloqueado por um sentimento de medo (qualquer aprendizado relacionado a emoções negativas é memorizado em uma parte do cérebro humano que só podemos acessar em situações emocionais semelhantes). É por isso que, na transição da zona de conforto para a zona de aprendizagem, precisamos ser cuidadosos ao assumir riscos. Não vá muito longe da nossa zona de conforto - além da zona de aprendizagem - na zona do pânico, onde toda a nossa energia é usada apenas para administrar e controlar nossa ansiedade.
Zona Mágica
A zona mágica é quando você sai da zona de conforto, passa pela zona de expansão e rompe as suas barreiras mentais atingindo níveis nunca alcançados, estoura todas as bolhas que te impedem de fazer a diferença na sua vida. Quando uma pessoa chega nesse nível, passará a colher frutos futuros dessa nova fase em que estará, e não terá vontade de voltar a zona de conforto. Essa é a zona em que aparecem as coisas maravilhosas, onde engrandecemos nossos sonhos e conseguimos superá-los.
Quando estiver nela, é provável que tenha alguns medos. Por exemplo, é quase certo que um medo, repentino e imenso, lhe invada por ter saído da zona de conforto, mas logo você se dará conta de que não é assim; sua zona de conforto não foi eliminada, ela só cresceu.
Além disso, quando a tensão gerada pela comodidade emocional convidá-lo para dar um passo para trás e não seguir em frente, sua tensão motivacional o empurrará para que você continue o caminho, que fica mais fácil com a prática e o passar do tempo.
Agora é o momento no qual você deve parar para pensar em quais dos seus sonhos foram realizados e quais ainda não. É algo que acontece com todos nós; começamos a somar “dias em que nada acontece” em nossos agonizantes calendários e vamos deixando as estações de trem da nossa vida vazias.
Se você tiver medo, medo de verdade e, ao mesmo tempo, continuar avançando, é porque você está indo muito bem. Lembre-se de que não podemos descobrir novos oceanos a menos que não tenhamos medo de perder a costa de vista.
Nos sentiremos mais vivos e cada vez melhor quando ultrapassarmos esses obstáculos, que simplesmente, por medo, nos limitavam. Sair da zona de conforto não nos protege contra tudo. A vida vai continuar a desafiar-nos, mas essa atitude seguramente nos dará mais agilidade para enfrentar esses desafios.
Questionamentos pertinentes…
Depois de saber sobre as zonas de aprendizado, algumas questões permanecem…
O que mantém as pessoas presas à zona de conforto?
Primeiro, uma tendência natural humana do mínimo esforço. Para nossa espécie, sempre foi questão de sobrevivência conseguir realizar todas as atividades gastando o mínimo de energia, pois a caça significava risco de vida. Por isso, as pessoas tendem a buscar estabilidade em tudo.
Em segundo lugar, o desconforto. Sim, quando você está vivendo fora dos limites conhecidos de suas habilidades, tanto de relacionamento, quanto profissional ou pessoal, você sente um desconforto porque a situação não é mais previsível; não se tem mais “controle”. Você vai errar, fazer bobagem, pois é assim que se aprende, mas as pessoas de um modo geral são pouco tolerantes a isso.
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Sabendo disso, muitos procuram sempre viver conscientemente fora da zona de conforto, fora do espaço de controle total pelas suas habilidades. Isso significa mais erros, porém possibilidade de crescimento constante. Entretanto, qual o erro nisso? Atualmente as pessoas tendem a viver muito fora da zona de conforto. O que isso quer dizer?
Você viver muito além daquilo que consegue gerenciar, imaginando que isso vá acelerar o crescimento. O que realmente acontece é que você passa a viver esgotado física e mentalmente.
O que fazer para viver entre a zona de conforto e a zona do pânico?
Usar a regra dos 70%. É uma regra simples: ajuste sempre qualquer atividade de modo que você consiga desempenhá-la num nível de 70% de proficiência. Como assim?
Tomando como exemplo um exercício físico: organizo o número de repetições de modo que consiga fazê-las com 70% de facilidade. Caso esteja fazendo 100 repetições confortavelmente, aumento para 140, por exemplo, de modo que eu termine a atividade, mas sem facilidade.
O mesmo serve para qualquer área/habilidade em que esteja trabalhando: se já consegue realizar o que realiza com facilidade, reajuste as metas de modo que faça tudo num nível de 70% de “conforto”. Isso faz com que você esteja sempre fora da zona de conforto (e evoluindo), mas também sem alcançar a zona de pânico (e ser prejudicial).
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Porque não conseguimos mudar algo que sabemos que devemos (e queremos) mudar?
Existe um estudo importante da Universidade Harvard em que um dos objetivos era entender o que faz com que as pessoas não mudem. Graças a esse estudo, descobriu-se que, no momento de conflito para tomar decisões ou fazer as coisas de forma diferente, o cérebro gasta muito mais energia. Ou seja, questionar-se e modificar a forma como resolvemos e fazemos as coisas é bastante desgastante.
O cérebro instintivo, o mesmo responsável pelo trabalho biológico de preservar a espécie, atua e nos modera inconscientemente para que guardemos energia, já que, se essa energia se acaba, o corpo pode colapsar e podemos falecer.
Por essa razão, no momento de tomar uma decisão-chave, muitas vezes perguntamos a todos os que fazer, porque a resposta ou processo de pensamento está roubando muita energia. Esse fenômeno de economizar energia incita o cérebro a proteger-se, razão pela qual ele se bloqueia cada vez que tomamos uma decisão transcendental.
Da mesma forma, quando saímos de nossa zona de conforto e entramos na zona de aprendizagem, nos sentimos incômodos, perturbados. E a zona de pânico nos faz regressar imediatamente ao modelo conhecido, ao modelo medíocre.
Apesar de saber que nossa estratégia atual não está dando os resultados esperados e não é eficaz, não fazemos muito a respeito. São poucos os que conseguem transformar suas vidas, fazer as coisas de forma diferente e assumir riscos.
Gerar mudanças significativas requer muita energia. Então, precisamos educar e desafiar nossas mentes para sair da zona de conforto e obter inovações que resultem em benefícios.
Na prática Outdoor...
Entendendo os conceitos de zonas de aprendizado, como ajudar a superar seus limites?
Imagine a situação em que um remador novato tem o sonho de realizar um grande expedição de canoagem sozinho, de vários dias, por lugares inóspitos. Para chegar a tal objetivo, é mais razoável fazer alguns cursos, praticar por um bom tempo, fazer expedições com outros remador, em diferentes lugares, para depois partir para a realização de seu sonho. Assim, ele estará vivenciando novas experiências, saindo da zona de conforto, entrando na zona de aprendizado, e consequentemente expandindo a zona de conforto para um novo patamar…
No entanto, sem viver nenhuma dessas experiências prévias, existe uma grande probabilidade desse novo remador, ao sair para fazer sua expedição sozinho, se deparar com inúmeras situações, as quais nunca vivenciou nada semelhante, entrando certamente na zona de pânico. As dificuldades ocasionadas por tais situações podem ser tão traumatizantes a ponto de afastar permanentemente tal remador da canoagem.
Como auxiliar os outros a superar seus limites?
Quando liderando ou ensinando um grupo, o professor ou líder deve tomar cuidado para nunca levar as pessoas a zona de pânico. Pouco a pouco deve-se ir testando os limites da zona de conforto, pisando lentamente na zona de aprendizado…
Ao planejar uma atividade, o ideal seria que o roteiro levasse o grupo todo para a zona de aprendizado. Para isso, é importante uma análise prévia das experiências de cada um. No entanto, dificilmente, em um grupo heterogêneo, todos tirarão o proveito máximo da experiência. É importante salientar que é preferível que alguns nem saiam de sua zona de conforto (achem a experiência chata, monótona, pouco desafiadora) do que outros entrem na zona de pânico, a qual é uma experiência quase sempre traumática.
Além disso, é importante que o líder esteja sempre acompanhando de perto seu grupo. Estar acompanhando uma pessoa a passar por um determinada situação pode ser a diferença entre esta pessoa estar no limite da zona de aprendizado ou passar para a zona de pânico. Em seus limites, são zonas muito próximas, às vezes apenas a presença de mais alguém para passar junto pela dificuldade pode manter a pessoa na zona de aprendizado, ainda fora da zona de pânico.
Finalmente
Lembre-se que evoluir é uma necessidade humana. Mas, por sermos humanos, temos limites e faz parte da nossa evolução conhecer onde estão esses limites e então ir além deles consistentemente.
Também é importante ter em mente que a configuração dessas 3 zonas (Conforto, Aprendizado e Pânico) são diferentes, dependendo tanto das pessoas envolvidas, quanto da situação que está sendo vivenciada. Isto significa que nunca devemos empurrar forçadamente alguém para a sua zona de aprendizagem, pois dificilmente conseguimos ver onde esta zona começa ou termina para outra pessoa. Tudo o que podemos e devemos fazer é convidar as pessoas para viver tal experiência, valorizar suas decisões, levá-las a sério e dar-lhes todo o apoio necessário para que nunca entrem na zona de pânico.
Para aprender, precisamos explorar: já conhecemos nosso ambiente, nossa zona de conforto - é onde as coisas são familiares, onde nos sentimos confortáveis, onde não temos que nos arriscar. A zona de conforto é importante, porque nos dá um lugar para voltar, para refletir e dar sentido às coisas - um refúgio seguro.
No entanto, para conhecer o desconhecido, temos que sair da nossa zona de conforto e descobrir a zona de aprendizado, que fica fora do nosso ambiente seguro. Somente na aprendizagem podemos crescer e aprender, viver nossa curiosidade e fazer novas descobertas e, assim, expandir lentamente nossa zona de conforto.
Links e Referências
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