10/03/2016

Expedição Graxaim pela Lagoa Mirim - Até os campos do Everaldo

11º dia - 19/01/2016

Querer vencer significa já ter percorrido metade do caminho.
Paderewsky

Neste dia foram 42 km remados.
Depois de passar pelo Porto Pindorama, em Santa Vitória do Palmar, tivemos um ótimo dia de remada: o vento ajudou bastante, vindo do quadrante sul, sem muita intensidade. Quando estamos remando há vários dias, quem não atrapalha, já está ajudando bastante... Remamos por uma quase interminável costa de 38 km.


Perto do final do dia, encontramos a Ponta dos Afogados. Ao fazer a curva a boreste, ficamos um tanto quando desprotegidos do vento que começava a soprar do leste...

Após uma pequena travessia, buscamos abrigo entre os juncais. Finalmente encontramos um bom lugar para acampar, bem protegido.





Hora de montar acampamento e aproveitar o final de tarde...  Eu comecei a ter problemas nos pés, por estar há muitos dias usando as botas de neoprene. O pé ficava o dia todo úmido, causando uma espécie de fungo, que resultou na abertura de feridas nos calcanhares.


Depois do acampamento pronto, hora de aproveitar o final da tarde...






12º dia - 20/01/2016
Eu queria movimento e não um curso calmo de existência. 
Queria excitação e perigo e a oportunidade de sacrificar-me por meu amor. 
Sentia em mim uma superabundância de energia 
que não encontrava escoadouro em nossa vida tranquila. 
Liev Tolstói

Neste dia foram 35 km remados.
Mais um dia remando "rumo as casas". O objetivo era chegar perto da Fazenda Figueira Torta... O gado e os cavalos sempre ficavam curiosos ao nos ver passar. As vezes, nos acompanhavam por 1 ou 2 km. Eu conversava com eles, na linguagem deles é claro.





Chegamos quase lá, bem perto da Fazenda Figueira Torta... Tanto que, no dia seguinte, o caseiro nos disse que, quando ele saiu pela manhã para tocar o gado, viu nossa barraca e os barcos... Estávamos dormindo ainda...



Foi mais um belo final de tarde na Lagoa Mirim.











13º dia - 21/01/2016

Não se deve negar [...] que estar solto no mundo sempre foi estimulante para nós.
Está associado em nossas mentes à fuga da história, 
opressão, lei e obrigações maçantes, 
com liberdade absoluta, 
e a estrada sempre levou para o oeste.
Wallace Stegner (Trecho do livro Na Natureza Selvagem).

Neste dia foram 29 km remados.
No início do dia, com menos de 2 km de remada, paramos na Fazenda Figueira Torta. O Anderson precisava de telefone, mas não tinha sinal por lá. Conversamos um pouco com o caseiro, que cortava a grama.




Depois de fazer mais uma curva a boreste na Ponta Santiago, remamos um pouco e fizemos uma parada no que parecia uma antiga casa de máquinas. Pensamos em montar acampamento, mas como não tinha sinal de telefone e o Anderson ainda precisava ligar para a casa, resolvemos tentar ir até os engenhos de arroz.





Local da primeira tentativa de acampamento.


Para chegar nos engenhos, tivemos que passar pelo junco, para ficarmos um pouco mais abrigados do vento.


Chegamos lá no engenhos para buscar contato telefônico.




Essas mulheres nos ajudaram, novamente conseguimos sinal da Vivo por lá, mas não foi fácil. Avisamos o pessoal e o Anderson conseguiu resolver os assuntos que o preocupavam.


Acabamos acampando ali mesmo...


Para as meninas, que nos acompanharam até a beira da lagoa, dei essa bola de vôlei que encontrei na Ponta Santiago. O Anderson tinha encontrado uma bola de futebol, mas acabou não levando. O Anderson deu pra elas um pacote de bolachas. Elas ficaram ali conversando com a gente até a mãe delas chamá-las.



Acampamento montado a 8,4 km da Ponta dos Latinos.









14º dia - 22/01/2016

Neste dia remamos apenas 16 km.

O dia começou com um nordestão muito forte... É possível ver a força do vento arriando as estruturas da barraca. Depois de um tempo de indecisão, o Anderson aceitou a minha sugestão de seguirmos em frente... Expliquei que seriam apenas uns 8 km com vento contra, até a Ponta dos Latinos. Depois o vento ficaria a nosso favor.

Nesses 8 km, fizemos 3 paradas. Remávamos uns 2 ou 3 km e parávamos para descansar. Nossa velocidade era de 2 ou 3 km/h. Foi a parte mais complicada e cansativa da remada.

11:35 da manhã e faltavam 6,2 km.
13:44 da tarde e faltavam 2,4 km.

Na Ponta dos Latinos, ondas vinham de todos os lados: nunca tinha visto isso. Tive que fazer a curva bem aberta, mesmo assim o leve deu uma entortada, ao passar por um banco de areia. O Anderson fez a curva mais fechada e as ondas o levaram para terra. Teve quer fazer uma parada.


Naquele momento, a saudade aumentou...


Depois da parada, resolvemos remar. As ondas batendo de popa nos empurraram em direção ao Arroio Del Rey. Depois de alguns quilômetros, as ondas já estavam de través e quebrando bastante e com uma grande frequência. Tínhamos que ficar mais fazendo apoio do que remando. Parecia o mar.



Assim, resolvemos parar e acampar... o vento estava muito forte.




Montamos acampamento junto da cerca. Vimos que tinha uma casa um pouco mais para dentro. Fomos lá para avisar que estaríamos acampados, mas não tinha ninguém. Depois de um tempo, vimos o pessoal da casa chegando do campo. Eles nos viram também. Fomos lá conversar e tivemos a felicidade de conhecer o Everaldo.







Everaldo é um típico homem gaúcho. Nos falou da sua decepção de só existirem dois CTGs em Santa Vitória do Palmar. Nos perguntou da nossa viagem e falou que as aventuras dele eram feitas de carro de boi, quando ele percorria mais de 100 km até a cidade de Santa Vitória.






Ficamos a 7,1 km do mastro do Itaquí. Passamos a noite escutando a força do vento. Já estávamos no período de lua cheia.

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