Sim, minha força está na solidão.
Não tenho medo nem de chuvas tempestivas
nem das grandes ventanias soltas,
pois eu também sou o escuro da noite.
Clarice Lispector
Remada noturna de 45 km, saindo 22h da Capilha e chegando as 10h no Sangradouro. |
- o vento estava calmo, o que normalmente acontecia no período da noite.
- era noite de lua cheia, tínhamos uma boa visão da lagoa.
- já estávamos com saudade de casa.
- ganhamos um refrigerante de 2,5 litros, com muita cafeína para afastar o sono.
Sendo assim, com tudo isso misturado, a força veio, o sono acabou, colocamos os casacos, lanternas na cabeça e resolvemos remar mais uns 10 ou 15 km. Lá fomos nós.
Primeira parada 10 km depois da Capilha, exatamente a 1h da manhã. Estava frio fora dos caiaques. Também não estava fácil chegar perto da costa, pois existiam muitos bancos de areia por todo o trajeto. Ficávamos sempre de olho nas árvores para não nos distanciarmos da terra.
Muitos peixes pulando nos caiaques por causa do barulho e da luz. Muitas aves pescando.
Já eram 4h da manhã. Paramos pela 2ª vez para ver nossa localização. Estávamos quase na curva, último trecho com areia. Depois só juncal e banhado até o Sangradouro, nenhum local para atracar. Hora de tomar uma decisão: ir ou ficar?
Estava mais frio ainda fora dos caiaques, iríamos demorar bastante para montar o acampamento no escuro, não sei se conseguiríamos atracar os caiaques perto da costa, talvez fosse preciso arrastar os barcos, por causa dos bancos de areia... Por todos estes motivos, resolvemos seguir, mesmo cansados e com um pouco de sono.
Depois da curva, acabou a areia e o reflexo da lua já não nos ajudava tanto a ver a costa. No entanto, a ótima visão do Anderson nos ajudou a navegar com tranquilidade.
As ondas aumentaram, o que nos preocupou um pouco. Passamos por incontáveis capivaras, que ficavam na beira dos juncais, até quase a nossa passagem, quando elas se atiravam para dentro da lagoa, quase atropelando os caiaques. Chegava a dar medo delas saltarem em cima dos barcos...
Ficamos contando as horas para o dia amanhecer. Próxima parada só no Sangradouro. Mesmo cansados, o nascer do sol, remando na Lagoa Mirim, foi um dos momentos mais bonitos da expedição.
Estranhamente, mesmo chegando perto do São Gonçalo a corrente era contrária, indo para o sul, ou seja, para dentro da Lagoa Mirim. Nossa expectativa é que estivesse correndo água para dentro do canal. Demorou para chegarmos no Sangradouro.
Conforme os registros do GPS, chegamos no Sangradouro perto das 11h da manhã. Que canseira! Paramos por 1h, deitados dentro da água, dormindo ou descansando, mas certamente comemorando o fim da volta na Lagoa Mirim.
Lá fizemos uma grande pausa, conversamos com o pessoal, alguns dos quais já havíamos conversado na ida. Comemos um x-tudo e tomamos mais uma cerveja. Pelas 15h, seguimos viagem, para aproveitar o vento e a correnteza que já estavam descendo o canal.
Chegou a tempestade para lavar a alma dos remadores. Primeira chuva que pegávamos na expedição. Que janela de tempo bom ein!
Passamos a Ilha Pequena, a Ilha Grande, a Ilha das Moças. Queríamos acampar na Ilha da Brigadeira, pois havíamos gostado do lugar... Como eu não tinha mapeado, não sabia a distância da Ilha das Moças até a Ilha da Brigadeira. Foi quando pedi para pararmos no final de um retão. Sorte nossa, uma bolanta na boca do Arroio do Pavão, lugar nota 10 (com o chão bem retinho pro Anderson dormir confortável).
Foi um dos finais de tarde mais bonitos da expedição. Durante a noite, saiu um barco do arroio para caçar capivara, felizmente não conseguiram nada ali perto.
Baseado na nossa velocidade, tempo e distância percorridos desde a entrada no canal, consegui fazer uma ótima estimativa de chegada. Conseguímos avisar o pessoal que chegaríamos no outro dia, entre 15h e 16h.
Primeira parada 10 km depois da Capilha, exatamente a 1h da manhã. Estava frio fora dos caiaques. Também não estava fácil chegar perto da costa, pois existiam muitos bancos de areia por todo o trajeto. Ficávamos sempre de olho nas árvores para não nos distanciarmos da terra.
Muitos peixes pulando nos caiaques por causa do barulho e da luz. Muitas aves pescando.
Já eram 4h da manhã. Paramos pela 2ª vez para ver nossa localização. Estávamos quase na curva, último trecho com areia. Depois só juncal e banhado até o Sangradouro, nenhum local para atracar. Hora de tomar uma decisão: ir ou ficar?
Estava mais frio ainda fora dos caiaques, iríamos demorar bastante para montar o acampamento no escuro, não sei se conseguiríamos atracar os caiaques perto da costa, talvez fosse preciso arrastar os barcos, por causa dos bancos de areia... Por todos estes motivos, resolvemos seguir, mesmo cansados e com um pouco de sono.
Depois da curva, acabou a areia e o reflexo da lua já não nos ajudava tanto a ver a costa. No entanto, a ótima visão do Anderson nos ajudou a navegar com tranquilidade.
As ondas aumentaram, o que nos preocupou um pouco. Passamos por incontáveis capivaras, que ficavam na beira dos juncais, até quase a nossa passagem, quando elas se atiravam para dentro da lagoa, quase atropelando os caiaques. Chegava a dar medo delas saltarem em cima dos barcos...
Ficamos contando as horas para o dia amanhecer. Próxima parada só no Sangradouro. Mesmo cansados, o nascer do sol, remando na Lagoa Mirim, foi um dos momentos mais bonitos da expedição.
Estranhamente, mesmo chegando perto do São Gonçalo a corrente era contrária, indo para o sul, ou seja, para dentro da Lagoa Mirim. Nossa expectativa é que estivesse correndo água para dentro do canal. Demorou para chegarmos no Sangradouro.
Conforme os registros do GPS, chegamos no Sangradouro perto das 11h da manhã. Que canseira! Paramos por 1h, deitados dentro da água, dormindo ou descansando, mas certamente comemorando o fim da volta na Lagoa Mirim.
O sol estava muito forte e não havia jeito de montar acampamento sem encontrar uma sombra. Desta forma, seguimos remando até Santa Isabel.
Depois de 1 hora de descanso da remada noturna, remamos 37 km canal abaixo. |
Lá fizemos uma grande pausa, conversamos com o pessoal, alguns dos quais já havíamos conversado na ida. Comemos um x-tudo e tomamos mais uma cerveja. Pelas 15h, seguimos viagem, para aproveitar o vento e a correnteza que já estavam descendo o canal.
Logo depois de sair de Santa Isabel o sono bateu. Tivemos que parar e dormir embaixo de uma pequena árvore, quase que nem fazia sombra, mas o sono nos venceu. Ficamos por quase 1h dormindo. Depois seguimos.
Chegou a tempestade para lavar a alma dos remadores. Primeira chuva que pegávamos na expedição. Que janela de tempo bom ein!
Passamos a Ilha Pequena, a Ilha Grande, a Ilha das Moças. Queríamos acampar na Ilha da Brigadeira, pois havíamos gostado do lugar... Como eu não tinha mapeado, não sabia a distância da Ilha das Moças até a Ilha da Brigadeira. Foi quando pedi para pararmos no final de um retão. Sorte nossa, uma bolanta na boca do Arroio do Pavão, lugar nota 10 (com o chão bem retinho pro Anderson dormir confortável).
Foi um dos finais de tarde mais bonitos da expedição. Durante a noite, saiu um barco do arroio para caçar capivara, felizmente não conseguiram nada ali perto.
Ahhh, quase estava esquecendo de contar o fator determinante para que soubéssemos que certamente iríamos chegar em Pelotas no próximo dia: já havíamos passado o Piratini e "depois do Piratini o São Gonçalo corre para Lagoa dos Patos".
18º dia - 26/01/2016
Logo depois foi a vez da ponte de ferro...
O porto de Pelotas... já estávamos em casa!
O campus da UFPEL está ficando bonito. E ficando para trás...
E lá estava ele, subindo o canal, bem encostado no junco, pela margem riograndina, com toda a experiência e alegria que o Vovô do remo tem... Grande Joel Ramos, prometeu e veio... Valeu amigo!
Terminar o momento,
encontrar o final da jornada em cada passo do caminho,
viver o maior número de boas horas, é sabedoria.
Ralph Waldo Emerson
Último dia de remada, descendo o São Gonçalo e reencontrando a Lagoa dos Patos. Foram 40 km. |
No último dia, depois das burocracias matinais, remo forte em direção das casas. Passamos pela Eclusa, de forma rápida, mas nem por isso sem aquela pontinha de adrenalina: depois dos portões se criam redemoinhos, mas remos na água e tudo certo.
As pontes de Rio Grande já faziam parte do nosso passado. Ficávamos falando das famílias e amigos... Nos perguntávamos: será que o amigo Joel estava vindo para remarmos os últimos quilômetros juntos?
Logo depois foi a vez da ponte de ferro...
O porto de Pelotas... já estávamos em casa!
O campus da UFPEL está ficando bonito. E ficando para trás...
E lá estava ele, subindo o canal, bem encostado no junco, pela margem riograndina, com toda a experiência e alegria que o Vovô do remo tem... Grande Joel Ramos, prometeu e veio... Valeu amigo!
Depois do nos encontrarmos, papo vai, papo vem, nem vimos passar o Arroio Pelotas. Fizemos uma parada na margem pelotense, para desaguar um pouco. Surpresa, o Joel trouxe pão, bolo e suco... eita coisa boa :)
Já conseguíamos ver a Lagoa dos Patos. Depois a barra. Finalmente, avistávamos o nosso ponto de partida, o trapiche... Local também da nossa chegada...
Fim de mais uma expedição. Era dia 26/01/2016, 15:30, bem dentro do horário previsto. Foram 650km, 18 dias de remada, passamos pela Lagoa dos Patos, Canal São Gonçalo, Lagoa Mirim, águas brasileiras, águas uruguaias...
Na chegada, o parceiro Diogo Cassal do Jornal do Laranjal estava lá, nos esperando para registrar o momento.
Que felicidade, compartilhada com os amigos e a família. Como escreveu Christopher McCandless, a felicidade só é real quando for compartilhada.
Até a próxima :)