09/02/2021

ACA Trip Leader - Volta em Ilhabela


Link para o Strava116,4 km em 4 dias

A viagem

Dia 19/01/2021 - Toda viagem tem um começo e a nossa começou em Camaquã, a capital do mundo, quando o Pedrão deu a partida no motor, logo cedo, e rumou para a capital dos gaúchos. Ele chegou pelas 8:30 lá em casa, em Ipanema/POA, ajustamos meus equipamentos na camionete, que já vinha carregada com um caiaque oceânico e um de creek. Seguimos para Maquiné, a capital da canoagem. Almocamos pelo caminho, para não chegar bem na hora do almoço. Depois levamos um puxão de orelhas da Tiane por isso.

Foi um dia de trabalhar na escada do recanto (Pedrão foi o mestre da obra e eu fui o auxiliar do servente do pedreiro) me arrumar as tralhas na carretinha. Revisamos os equipamentos, ajustamos os caiaques, tudo certo para a partida na manhã seguinte. A ideia era sair pelas 4:30 da manhã, pois tínhamos uma viagem longa até Juquitiba

Dia 20/01/2021 - O despertador só foi tocar lá pelas 5:30 e acabamos saíndo um pouco mais tarde. Avisamos o Demathe do pequeno atraso e fomos para Tubarão. Chegando lá o nosso amigo "Dema" ofereceu um cafezão de responsa, energizando a galera para seguir viagem. Chuva e mais chuva até Curitiba. Depois foi melhorando. Pelo caminho, diversas Vanderleias Trucadas, conceito que poucos de nós conhecíamos, detalhado pelo Pedro Auso. Chegamos em Juquitiba praticamente junto com o Fábio Raimo. Fizemos check-in no hotel e fomos comer hamburguer com cerveja e bater papo com o Fábio e Tiago.


Curso de Águas Brancas

Dia 21/01/2021 - Café da manhã pelas 6:30 e depois disso conversa sobre o curso de Trip Leader, no saguão do hotel Juquiti. Logo em seguida, rumo ao rio Juquiá, fazer um dia de curso de corredeiras. Foi um dia de bastante aprendizado com "o cara" das águas brancas. Finalizamos o curso descendo uma queda de uns 2 metros de altura.





Na saída ainda deixamos um caiaque voar de cima da carreta, pois não estava preso. Mais engraçado que voou do reboque quando estávamos em cima de uma pequena ponte de madeira e caiu certinho dentro de um riozinho. Caique recuperado pelo Pedro, sem danos, e seguimos pro hotel descansar.

Prep

Dia 22/01/2021 - Café da manhã cedo novamente e viagem para São Sebastião. Viajamos praticamente toda a manhã até comecarmos a descer a serra e avistar o mar. Ficamos hospedados numa casinha simples, mas que tinha tudo o que precisávamos. Fizemos ainda algumas compras e pela noite marcamos uma convesa com a turma toda que iria fazer o curso. Conhecemos a Hells, Amandinha. Combinamos mais alguns detalhes e fomos depois fomos todos jantar no centrinho. Novos amigos que a canoagem trouxe. Galera nota 1000.


Dia 1 - Volta em Ilhabela


Dia 23/01/2021 - Acordamos cedo pois o combinado era 6:30 caiaques na água da praia Preta. Antes mesmo de levantar da cama já senti que não estava legal, com a barriga dura que nem uma pedra. Será que eu estava nervoso? Que nada, depois fui compreender que era uma infecção intestinal forte. 

Mas, seguindo o relato, botamos os barcos na água depois de fazer um briefing do dia. Encontramos Hells e Amandinha numa prainha mais ao norte. Seguimos pelo canal sentido norte até a parada para almoço. Não comi nada e continuava com uma grande ânsia de vômito. Depois que a galera almoçou, descansamos um pouco. O vento começou a aparecer. Ao fazer a curva na ponta das canas, pegamos vento na cara até Jaquabara, onde fizemos mais uma parada. Nessa parada consegui vomitar e me sentir um pouco melhor. Depois de conversarmos um pouco, seguimos até a praia do Poço. Antes disso a galera deu uma olhada na praia da Fome, onde eu avisei o grupo e segui na frente sozinho para chegar o mais rápido possível no destino e descansar.

Chegamos no Poço, praia linda. Armei a barraca e me atirei lá dentro. Calor do inferno pois ainda era meio da tarde. Não consegui interagir muito com a gurizada. Fábio que também estava com o mesmo desconforto que eu fez a mesma coisa. 

O resto da galera foi curtir o lugar, preparar a janta e tudo mais. Hells decidiu que iria voltar pra São Sebá na manhã seguinte. A janta foi preparada pelo Tiago e Amanda, um risoto de funghi ao molho de vinho branco... Te mete! Fizemos uma conversa no final do dia, para ver o que cada um tinha aprendido com aquele dia de remada.


Conheci os tão queridos e famosos borrachudos, provavelmente seres vindos direto do inferno para sugar o sangue e fazer com que o tornozelo de todos fosse transformado numa abóbora gigante. Pensa num bicho insuportável - é o tal do borrachudo. Eles foram nossos companheiros durante todos os acampamentos em Ilhabela. Nossos repelentes não adiantaram de nada...

Dia 2 - Volta em Ilhabela


Dia 24/01/2021 - Segundo dia de remada, me sentia melhor que o primeiro dia, mas longe de estar bem. No início da manhã acompanhei o nascer do sol, que estava fantástico, conversando um pouco com a Hells e Amandinha. Hells fez alguns exercícios de alongamento com a turma, antes de colocar seu barco na água e voltar para São Sebastião.


Foto da turma completa: 
Pablo, Demathe, Pedro, Leo, Tiago, Hells, Amandinha e Fábio.

Logo depois fizemos nossa reunião diária inicial, sob supervisão do Fábio, que nos mostrou pontos relevantes que devemos abordar num briefing. Remamos até a praia da Serraria onde tivemos que parar pois Leo e Demathe ficaram mareados. Paramos, descansamos e nadamos para ver alguns peixes perto das pedras. Depois da turma alimentada, medicada e recuperada, seguimos.

Cruzamos a baía de castelhanos de olho no Morro do Costão, pois nosso objetivo era desembarcar na Praia da Figueira. Sendo assim, só avistamos de longe (muito longe) a praia de Castelhanos. De vez em quando sentia umas tonturas, como se fossem uns apagões. Avisei o amigo Pedro Auso, que, depois disso, não desgrudou do meu lado em nenhum momento. Creio que o vômito e diarreia desde o início da trip, aliada a pouca vontade/capacidade de comer, estavam me deixando ainda mais fraco.


Na Figueira, praia calma e tranquila, habitada apenas por uma família, fomos muito bem recebidos pelo Maneco da Figueira e acampamos por lá. Metade da turma comprou uma janta feito pelos locais, outra metade comeu um rango preparado pelo Fábio.



Cansei de cuidar daquele guri, agora vou descansar um pouco...

Fala mais... Fala mais...


Dog mais gente fina da trip

Dia 3 - Volta em Ilhabela


Acordei 100%. 100% pior que o dia anterior. Cheguei a questionar fortemente minha capacidade de seguir com a turma, ainda mais no dia do CRUX, a famosa Ponta do Boi. De imediato avisei alguns sobre minhas condições para que pudessemos pensar em algumas opções. 

No briefing da manhã avaliamos pontos de parada (na água, abrigados do vento). Combinamos dois pontos para reavaliarmos a situação e decidirmos: ir ou voltar. Ao chegar no ponto, o Saco do Sombrio, o Demathe me passou uns "florais" e logo depois, sem muita explicação, todo o cansaço e bobeira que eu estava sentido desapareceram.

Remamos bem abertos, para não sofrermos tanto com as ondas de rebote, até o Saco da Pirabura, local abrigado do vento, onde descansamos mais uma vez. Da Pirabura até Ponta do Boi, pegamos um downwind, as ondas cresceram, o trecho foi o mais legal da trip.

Seguimos protegidos e tranquilos até a praia de Indaiabuta, pegando apenas um pouco de vento no Saco do Diogo, mas foi aquele ventinho que criava aquelas ondas parecidas com as das lagoas. Paramos na praia mais linda de Ilhabela, descansamos, comemos e até dormimos um pouco. Mas não conseguimos liberação para ficar por lá. Então, antes de ficar escuro, fomos até Enchovas, onde o Demathe tentou conversar para ver se podíamos pernoitar: sem sucesso.

Então, sem muitas opções, nosso destino era o Bonete, praia com mais gente e alguns campings. Paramos por lá. Ficamos num camping bem no norte/noroeste da praia. Tomei um banho e comecei a sentir muito frio. Medi a febre: 38,5º. Não consegui ajudar o Leo na preparação da janta, fui direto pra barraca, depois de tomar água e alguns remédios.

Dia 4 - Volta em Ilhabela


Acordei ainda meio lento, mas fui melhorando aos poucos. Pouco café, pão seco e vamos pra água. Fomos remando e encontrando várias pequenas embarcações indo ao Bonete, com turistas. No meio do dia, aportamos nas pedras para o Demathex (el Professor) fazer um café pra turma.


Ao entrar o canal começamos a pegar um vento forte contra, então fomos bem costeiro, de forma a tentar reduzir o efeito do vento. Paramos na primeira prainha, chamada Praia do Curral para descansar e tomar uma água de coco. Depois disso, fizemos uma conversa antes de atravessar para São Sebastião, de forma a decidir pela estratégia mais segura. Atravessamos fazendo um ferry liderado pelo Fábio. Depois vou só curtir os últimos momentos, costeando as praias de São Sebastião. 



  

  

Chegando na praia Preta, fizemos uma conversa final e terminamos a volta na Ilhabela.

Nos dias seguintes, conhecemos o Feres e o Ben Paddle. Depois disso, rumo ao sul, voltar a vida normal. No fim, dentro de alguns sacos estanque, trouxe de volta novos amigos paulistas, mais um pouco de experiência remando no mar, e a tranquilidade de saber que remo com um grupo de amigos que posso confiar quando não estiver nas minhas melhores condições.

4 comentários:

  1. Que relato jóia, Pablito! Bem sintético, mas com o essencial! Foi uma baita jornada, com diversão e a boa companhia dos antigos e novos amigos e bastante aprendizado! E, de quebra, ainda fizemos a voltinha da Ilhabela! 😀

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  2. Baita versão dessa história magnífica....sem exageros, magnifica pela paisagem, pelas indiadas, pelos perrengues, pelo dwonwind, e principalmente pela amizade....aos velos e novos amigos!

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  3. Bom relato, deu vontade de estar na água agora.

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