29/11/2021

Volta na Ilha de Santa Catarina com o amigo Davi


Ilha de Santa Catarina

A ilha de Santa Catarina é parte do município de Florianópolis e situa-se no oceano Atlântico, no litoral sul do Brasil, no centro do litoral do Estado de Santa Catarina, entre as latitudes 27° sul e longitudes 48° oeste. Tem cerca de 54 km de comprimento (norte-sul) por no máximo 18 km de largura (leste-oeste), ao norte, totalizando uma área de 424,4 km².

Vários remadores que conheço tem o sonho de realizar a circunavegação de tal ilha. Então - sonho antigo de vários, ideia externada pelo Davi, incentivo do Leonardo, clima favorável - lá vamos nós...





Agradecimentos

Deixo um agradecimento especial ao Luciano Dias, pelas previsões do tempo que tanto nos ajudaram, pela gentileza de ceder um espaço para deixarmos o carro e um local ficarmos na primeira noite. Lugar top que se encaxou perfeitamente com as condições de vento, no planejamento da remada.

Aos amigos do Oceânicos Floripa que nos receberam e nos ajudaram com dicas e sugestões de parada. Além das visitas e confraternização antes, durante e depois da remada. O grupo de vocês é fantástico, pessoal sempre se ajudando. Com certeza a canoagem em Floripa, que já cresceu muito nos últimos anos, vai crescer mais ainda, se este espírito de ajuda e união se mantiver.


Dia 01 - Sexta Feira - 19/11/2021


Aproximadamente 50 km, da Caieira da Barra do Sul até a Praia do Forte.

Na quinta-feira, chegamos em Floripa final da tarde e fomos direto para a Caieira da Barra do Sul, na casa que o amigo Luciano Dias conseguiu pra gente. Naquela noite recebemos a visita do Orivas e do Rafa. Ficamos batendo papo sobre canoagem, caiaques, trocando informações sobre locais de acampamento, condições de mar e maré.


Primeiro dia de remada, as coisas vão se ajustando. 


Tivemos o privilégio de ficar na beira da água e não ter nenhum esforço com o transporte dos caiaques. O céu estava nublado, vento médio, na direção certa, ajudou bastante a subir a baia. Pelas previsões deveríamos chegar na ponte até as 13h, quando a maré começaria a vazar, aproveitando assim para remar pela baia norte.

Primeiro paramos numa pracinha ainda bem no sul da ilha...



Depois na ilha das Vinhas para almoçar. Já estávamos muito perto da ponte. 




O vento, a maré e o swell de sul empurravam bastante. A cada quilômetro o Davi se superava no domínio do barco, naquelas condições. Passar por debaixo da ponte foi bem desafiador. Entramos um pouco para o lado da Beiramar Norte, nos protegendo do vento. Logo seguimos em direção a Ilha dos Bombeiros. As ondas na baia são bem parecidas com as ondas das lagoas aqui do RS, tirando a questão do intervalo que parece maior...




Um temporal que estava no continente parecia querer nos alcançar, principalmente quando senti alguns pingos de chuva. Nesse momento agradeci por, na saída da ilha dos bombeiros, termos decidido em ir costeando o resto da ilha, para estarmos mais perto da terra, em caso de necessidade. Altas ondinhas para um surfzinho (remador de lagoa se anima com qualquer ondinha) e fomos indo até chegar no camping dos Sargentos, na Praia do Forte, tudo agilizado pelo amigo Orivaldo.

Gurizada do Oceânicos Floripa, sempre muito atenciosa e receptiva, foram lá nos visitar e saímos para jantar. Não era o objetivo da viagem essas aventuras gastronômicas, mas como diz o ditado: não basta remar, tem que confraternizar. Depois disso, cansados do dia de remo, uma noite boa de dencanso numa cabaninha agilizada pelo Davi.




Dia 02 - Sábado - 20/11/2021


Aproximadamente 25 km, da Praia do Forte até o canto de Ingleses.

Uma boa noite de sono no Camping dos Sargentos, na praia do Forte. Acabamos dormindo bastante, devido ao cansaço do primeiro dia, quando o corpo ainda não estava acostumado com a rotina de passar quase o dia todo remando. Além disso, sabíamos que o vento só iria virar pra Norte/Nordeste no domingo, então nossa meta para o dia era algo menos pretencioso: apenas chegar na ponta sul da praia de Ingleses e achar um lugar tranquilo para acampar.



Saímos da praia do Forte perto do meio dia, horário em que os turistas tomavam conta das areias. Em poucos minutos já avistávamos a ilha do Francês, para onde fomos remando. O mar estava calmo e o dia quente, praias cheias. Chegando na ilha do Francês, acompanhamos um grupos de remadores (botes, caiaques, sups) até a praia de Canasvieiras, por onde fomos costeando, até o momento que resolvemos atravessar para Ponta das Canas, nossa parada para almoço.

Desembarque tranquilo em Ponta das Canas, alguns minutos de descanso, um choripan para cada um e algumas fotos com o Davi, que remou vestido de homem aranha, foram os pontos que mais me chamaram atenção.

Momento em que o Davi se transformou...

Depois daquela parada, alguns trechos de costões, e finalmente a Ponta do Rapa (ponto mais ao norte de Floripa)(será que é essa que chamam de Ponta do Bota?). Apesar de navegarmos com relativa distância dos costões, sempre existe uma certa turbulência. Agora era mar aberto, sem baias e com menos proteções. Pela praia Brava passamos de longe e fomos costeando Ingleses, até a ponta sul.



Chegamos lá e já olhamos possíveis pontos para acampar. A ideia era esperar o pessoal ir embora para começarmos a montar o acampamento. O Leo foi dar uma volta. Davi e eu ficamos alí de papo. Notei uma movimentação estranha, pessoas de mochilas cargueiras, coolers, bebidas... Tudo naquele cantinho da praia...

Daqui a pouco um tiozinho já saiu montando uma barraca, assim na luz do dia... Alerta... Mandei mensagem pro alemão avisando pra voltar logo, que iríamos perder o lugar. Eu e o Davi colocamos os caiaques num platôzinho um pouco afastado e logo começamos a montar acampamento para garantir o lugar. Nesse tempo o Leo chegou e ajudou.




Bingo, tinha uma festa ou lual, bem naquele canto da praia. Era de um grupo de trilhas alí de Floripa... Chegaram carros com som e luzes, tochas, cortininhas, mais barracas e cadeiras... Gente chegando de bike, carro, caminhando. Alguns ate montando barracas. Davi fez amizade com a turma, tocou no trompete a música Bella Ciao e oficialmente já faz parte do grupo de trilhas. 

Apesar de não precisarmos nos preocupar com insegurança, pois aquele canto estaria bem movimentado, foi complicado dormir por causa do som e das movimentações.

Dia 03 - Domingo - 21/11/2021


Aproximadamente 45 km, da ponta sul dos Ingleses até a Armação.

Cedo da manhã o Davizão tocou trompete a conseguiu bananas para o café da manhã. Além disso, tocou Brasília Amarela e animou o bote de pescadores que estavam indo para o mar.

Agora a conversa era diferente, combinamos de acordar cedo, para pegar o mar mais calmo e aproveitar melhor o vento que já tinha virado e estava a nosso favor. Uma remada boa até a Barra da Lagoa, onde paramos e comemos um almoço fraco (pouca comida) e caro.


Na saída da barra o mar encarneirou, o vento aumentou e foi o trecho até a Joaquina foi o mais complicado da remada. Davi se superou, remando forte e controlando bem o barco. No Campeche deviam ter mais de 20 kites andando pra lá e pra cá. Foi um tanto tenso ir passando por eles. Vez ou outra eles passavam bem perto e gritavam: uhuulllll. Nem paramos na Ilha do Campeche. Faltou. Medo do Davi, já cansado, querer ficar por lá...

Davizão, que já estava cansado, não acreditava que nosso acampamento estava a 6 km da ilha do Campeche. Demorou pra aceitar que faltava pouco. Virou motivo de brincadeira, o local não saber onde estávamos.

Chegamos no cantinho da armação, era cedo ainda e ainda circulava muita gente por lá, grande parte voltando da Ilha do Campeche. Pedimos cervejas e pasteis. Logo o Tiago, remador novo alí de Floripa, apareceu pra bater um papo. Neste momento reparei que o Davi estava tremendo e lembrei da vez que fiquei assim na remada em Ilha Bela. Logo peguei casaco, remedinho e comida: doce e salgado. Vai Davi, bota esse casaco, e come e bebe bastante... Aos poucos ele foi melhorando.



Fomos acampar depois de um barracão de pescadores, local meio sinistro mas muito bonito. Noite tranquila, sem surpresas. Combinamos de acordar as 5 da manhã.



Dia 04 - Segunda - 22/11/2021


Aproximadamente 26 km, da Praia da Armação até a Caieira da Barra do Sul.


Acordamos cedo e decidimos nem tomar café. O lanche seria em Pântano do Sul. Enquanto estávamos arrumando as coisas, 5 da manhã, tinha um casal tirando fotos pros casamento nas pedras. Q loucura... 

Saímos cedo para fazer o primeiro trecho de costões... Um trecho até Lagoinho do Leste  e depois mais um até Pântano do Sul.



Parada em Pântano para o café. Depois um tirão até o Saco da Baleia e fomos costeando o paredão. Devagar a curva ia sendo feita e consequentemente o vento diminuindo. Até que ele cessou bem na altura da Ilha Irmã Pequena. Fomos tranquilos até Naufragados. Davi tava que era só sorrisos. Para brincar, a gente falava pro Davi: Nunca faltou tão pouco para terminar...

A chegada em Naufragrados trouxe a calmaria necessária para começar a desacelerar. É o ponto mais ao sul da ilha, bem protegido do vento Norte/Nordeste. Uma praia quase deserta, tirando os locais e alguns jovens fumando e bebendo. Como o Davi estava radiante, demos a ele a missão de conseguir um PF - missão essa que ele realizou com louvor. 


Almoçamos muito bem ao som de MPB. Depois descansamos na sombra, pois faltava pouco. Mesmo faltando menos de 5km o Davi ainda estava preocupado com a Barra Sul e suas correntes de maré. 

Conversa aqui, conversa lá, decidimos partir. Ao fazer a curva e aproar para Norte novamente, pegamos um ventinho contra, formando aquelas chatas ondas de vento. Nada que, com calma, não fossem superadas, lentamente. Quando menos esperávamos, estávamos no local de partida. Hora de comemorar e conversar sobre como foi a remada.




Valeu Davi por aceitar e concluir este grande desafio. Sim, tenho certeza que dar a volta na ilha de Florianópolis foi uma vitória para cada um dos nós, cada um com seus motivos. Mas para o nosso amigo Davi, foi ainda mais especial, foi superação, foi desafio e foi vitória. Parabéns Davi, grande ser humano, grande remador.

 

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