22/12/2014

Por que o mar gaúcho é gelado, fica "chocolate" e tem repuxo?

Professor da UFRGS afirma que grande parte da culpa é do vento e da localização do Estado; entenda melhor


por Vanessa Kannenberg, 19/12/2014 | 17h02
Por que o mar gaúcho é gelado, fica "chocolate" e tem repuxo?  Félix Zucco/Agencia RBS
Cor escura da nossa fatia do mar é uma das reclamações mais frequentes, Foto: Félix Zucco / Agencia RBS

Aquele velho ditado que diz que "a grama do vizinho é mais verde" cai bem para os gaúchos em relação ao mar. Por mais bairrista que sejamos, quando chega o verão, milhares pegam a BR-101 e invadem as praias catarinenses. Muito dessa migração sazonal se deve à beleza e aos atrativos que não encontramos por aqui, mesmo com um litoral com mais de 600 quilômetros de extensão, que vai de Torres ao Chuí.

Quem fica no Rio Grande do Sul, costuma reclamar da (baixa) temperatura da água, da sua cor (que rendeu o apelido de "chocolatão") e do remelexo, devido à frequência e à força das ondas.

Para explicar por que o nosso mar é dessa forma, ouvimos Ignácio Moreno, professor de Zoologia da UFRGS e diretor-substituto do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar). Antes de explicar as características, o zoólogo destaca:

- Muitos falam que o nosso litoral é "sem graça", porque não se dão conta de que temos um cenário único no mundo, que tem uma variedade enorme de vegetação e fauna. Basta pegar um barco e andar de ponta a ponta que vai ver tudo isso.

As características do mar gaúcho e as explicações, ponto a ponto:  

Água gelada: a temperatura do mar do RS é influenciada principalmente por duas correntes marinhas: a Corrente das Malvinas, oriunda das regiões polares, portanto com águas frias, e a Corrente do Brasil, que vem da região equatorial e é bem mais quente. Elas se encontram justamente na costa gaúcha, catarinense e uruguaia. No inverno, com as frentes frias e polares, a que vem do Sul ganha força e acaba vencendo a "briga das correntes". Assim, a água costuma ficar entre 14°C e 16°C. No verão acontece o inverso, e a temperatura sobe e até ultrapassa os 25°C. Ainda assim, a corrente fria continua influenciando e mais do no mar catarinense, por exemplo, pois quanto mais ao Norte, menos força tem a corrente das Malvinas.

Para afastar ainda mais os friorentos, o litoral gaúcho é retilíneo, ou seja, é uma linha de 622 quilômetros em que não há baías, morros ou penínsulas. Com isso, como não há “empecilhos”, os ventos têm influência muito forte e podem mudar o mar de uma hora para a outra – inclusive, esfriando-o. 

Chocolatão: os principais motivos que escurecem o mar gaúcho e que lhe renderam o incômodo apelido de “chocolatão” são: o deságue dos rios Mampituba e Tramandaí no mar e o aporte subterrâneo das lagoas costeiras, levando matéria orgânica e aumentando a proliferação de algas, que dão aspecto marrom e feio para a água salgada.

Turbulência e muitas ondas em sequência: as ondas se formam por causa do vento e vão “quebrando” à medida que a profundidade reduz. Como no litoral gaúcho há muito vento e nenhuma "barreira" (como baías, morros ou penínsulas), o vai-e-vem da água fica mais intenso, e o mar fica turvo.


Foto: Mauro Vieira/Arquivo ZH

Muito repuxo: para o professor da UFRGS, a nossa fatia do mar não tem mais repuxo do que as demais. "O mar tem um ciclo, a água que vem, tem que voltar”, explica Moreno. É essa "volta" que chamamos de repuxo. Ela fica mais forte nas chamadas "correntes de retorno" ou "canais", muito conhecidos por surfistas, pois é nesses pontos da praia que eles adentram o mar, já que a onda que quebrou está voltando para o fundo e fica mais rápido de chegar lá. Banhistas e leigos, que devem evitar estes pontos, podem identificar os canais observando os locais onde há pouca espuma e uma aparente calmaria das ondas.

Muitos buracos e bancos de areia: mais uma vez, é uma característica da dinâmica da região, com poucas baías, rochas, e fortes ventos. Como eles vêm de norte, sul, noroeste, sudeste, etc., acabam remexendo muito o mar e, consequentemente, alteram o fundo arenoso também.

Sem paisagens paradisíacas, como matas e coqueiros: o motivo deve-se à maneira como a nossa costa foi formada, mas também tem influência humana. Devido às transgressões e regressões marinhas, ou seja, o aumento e a diminuição do nível do mar, foram criadas características únicas na região. Há 5 mil anos, o nível do mar era 5 metros mais alto do que é hoje e atingia toda a encosta da Serra (a região que vai de Osório a Tramandaí, por exemplo, estava embaixo d´água). Aqui predominou uma formação chamada de restinga e as vegetações que se adaptam a ela são espécies mais rasteiras, pois resistem à salinidade e ao vento da região. Fora isso, houve a devastação das florestas nativas para exploração da madeira e retirada das dunas para calçadões e prédios. Essas dunas servem (ou serviam) de proteção para todo o ecossistema. Como essa proteção natural foi retirada, além de prejudicar animais e plantas, abriu-se espaço para o vento levar sujeira e maresia, causando danos aos imóveis.

"Se tivessem deixado as dunas frontais e a vegetação associada, toda a manutenção dos imóveis à beira da praia, bem como o manejo de toda a areia que invade calçadões sairia muito mais barato para moradores, veranistas e prefeituras", alerta o professor. Uma saída, aponta Moreno, seria a construção de passarelas sobre as dunas, para preservar espécies ameaçadas de extinção que convivem lado a lado com turistas e moradores, como o tuco-tuco e a lagartixa-das-dunas.

Muitos animais, como mãe d'água, baleia, golfinhos e pinguins:  esse pode não ser um aspecto negativo, dependendo de como se enxerga. Segundo o zoólogo da UFRGS e pesquisador do Ceclimar, a costa gaúcha tem uma das maiores diversidades de animais marinhos do país e é a campeã em espécies de baleias, botos e golfinhos. Isso acontece justamente devido à influência das correntes tropical (do Norte) e polar (do Sul). Com isso, criam-se condições ideais para diversos animais, inclusive alguns sazonais, como a mãe d'água e o golfinho pintado do Atlântico (que utilizam a região somente no verão) e os pinguins, o lobo marinho e a baleia-franca-do-sul (só no inverno e primavera).

Acesse em: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/12/por-que-o-mar-gaucho-e-gelado-fica-chocolate-e-tem-repuxo-4661504.html

21/12/2014

Cartas náuticas... fácil fácil!!!

Hoje vou escrever um pequeno relato de como explorar as cartas náuticas disponibilizadas pela Marinha do Brasil.

O site da Marinha está com alguns links quebrados, mas é possível acessar a página que contém diversas cartas náuticas no link:

https://www.marinha.mil.br/chm/dados-do-segnav/cartas-raster

Como estou me preparando para uma remada na Lagoa dos Patos, resolvi fazer o download de todas as cartas dela. Existem dois formatos disponíveis:

- Carta Raster
- GeoTIFF

Para que seja possível utilizar em um programa de cartas náuticas ou em qualquer programa de visualização de imagens, é mais interessante o formato GeoTIFF.

- 2102 - DE SÃO JOSÉ DO NORTE AO CANAL DA SETIA (atualizada em 04/12/2013)   
- 2103 - DA BARRA DO CANAL SÃO GONÇALO AS PORTEIRAS (atualizada em 18/05/2009)
- 2104 - CANAL SÃO GONÇALO DA BARRA A PELOTAS (atualizada em 19/09/2013)
- 2105 - CANAL DA FEITORIA E PROXIMIDADES (atualizada em 18/05/2009)   
- 2106 - SACO DO RINCÃO E PROXIMIDADES (atualizada em 17/08/2012)
- 2107 - BARRA DO RIO GUAÍBA (atualizada em 18/05/2009)
- 2108 - DE ITAPUÃ À PONTA DO ARADO VELHO (atualizada em 29/05/2007)
- 2109 - DA PONTA GROSSA A PORTO ALEGRE
- 2111 - DE ITAPUÃ A PORTO ALEGRE (atualizada em 19/08/2013)
- 2112 - DE RIO GRANDE A FEITORIA
- 2113 - DE PORTO ALEGRE AO TERMINAL SANTA CLARA (atualizada em 06/11/2013)
- 2140 - LAGOA DOS PATOS (atualizada em 02/07/2014)

Para visualizar essas cartas eu fiz o download dos seguintes softwares:
- GRASS
- OpenCPN
- QGIS

Mas é possível abrir em qualquer programa de visualização de imagens... a grande maioria suporta o formato TIFF. É possível converter para PDF por exemplo e mandar em qualquer gráfica, para plotar no tamanho original... fica show...

Eu plotei duas cópias da carta 2140, uma colorida e outra P&B...


20/11/2014

Circuito Trilhas & Montanhas 2015


Recebi no Facebook a divulgação de diversas corridas no RS.

I ETAPA: Trilhas Serra dos Vales (em Serra dos Vales/RS, 21 de Março de 2015)
II ETAPA: Trilhas do Salto Ventoso (em Farroupilha/RS, 16 de Maio de 2015)
III ETAPA: Trilhas da Borussia (em Osório/RS, 25 de Julho de 2015)
IV ETAPA: Trilhas das Laranjeiras (em Três Coroas/RS, 05 de Setembro de 2015)
V ETAPA: Trilhas Night Rum das Bruxas (em Sertão Santana/RS, 31 de Outubro de 2015)

Mais informações em http://www.trilhasemontanhas.com.br.

12/11/2014

Remada até as Bolantas da Panelinha - 8 e 9 de Novembro de 2014


Homem livre, tu sempre gostarás do mar. (Charles Baudelaire)


Preparativos



Até sexta-feira, eu nem estava muito pilhado... Mas remar é viciante, sabe como é:
- lugares novos, troca de conhecimento, contato direto com a natureza.

Na sexta-feira, pelas 22 horas, resolvi que iria na remada. Então fui ao supermercado, comprei algumas coisas para comer, logo em seguida fui ao clube GPA pegar o meu caiaque e já deixá-lo em cima do carro, para no sábado pela manhã estar tudo pronto.

Sábado, acordei bem cedo (antes das 6 horas) e fui até a casa do amigo Trieste, conforme combinado, para irmos todos em comboio (Trieste, Maciel, Gildo e eu) para o Camping das Pombas.

 
(Foto: Gildomar Tambeira)


Chegando no camping, fizemos todo o processo burocrático e começamos a nos preparar para a remada. Pagamos R$ 40,00 cada um para deixarmos o carro lá por 2 dias. Também assinamos um documento isentando o camping de qualquer responsabilidade sobre nossa remada.

Depois disso, começamos a descarregar os caiaques e as tralhas, deixando tudo na beira do rio Guaíba.
 
 (Foto: Gildomar Tambeira)

 (Foto: Gildomar Tambeira)


1º Dia



Pelas 9 horas, quando estávamos quase colocando os remos na água, apareceu o remador Ricardo Dunker, avisando que o Alvares e seu primo Sidnei já estavam na Ilha das Pombas...

Partimos todos em direção a Ilha do Junco, para onde o Alvares e o Sidnei também estavam indo, no duplão. Chegamos praticamente todos juntos lá.

Dunker e Gildo passando a Ilha do Junco.

Trieste passando a Ilha do Junco.

Passando a ilha, fomos em direção a um barranco de areia perto da Ponta Escura.



Quando, para a surpresa do pessoal, se aproximava mais um remador: era o Hélio Bandeira, que se atrasou um pouco na saída de Itapuã.

Lá na Ponta Escura, tiramos várias fotos, subimos no morro de areia para conferir o visual e também fizemos um rápido lanche.








Seguimos na direção da Ilha da Ponta Escura. Atalhamos pelo canalzinho e fizemos a parada de almoço na famosa Praia da Sepultura. A partir de lá, rumamos ao Morro da Formiga.

Neste momento o grupo se dividiu:

- uma parte foi conhecer a Ilha do Veado
- outros foram costeando, para conhecer as praias

O grupo que eu estava, foi conhecer a Ilha do Veado... fizemos a circum-navegação, até tentei atracar, mas não consegui.




Seguimos em direção as falésias, sem saber direito onde e o que eram as tais bolantas...

Mas o que é uma bolanta?

Segundo o dicionário, uma bolanta é "Casa volante construída de madeira que pode ser transportada por tratores ou caminhão. Muito utilizada para acomodar trabalhadores da lavoura na região sul do país ou pescadores. Geralmente, é apenas uma peça sem nenhuma infraestrutura, como por exemplo, sanitário."


Remamos bastante para chegar na margem. O Trieste foi muito mais rápido e já estava nos esperando...

Seguimos fazendo uma remada costeira, buscando encontrar a bolanta. Passamos alguns juncais e nada...

O pessoal resolveu fazer uma parada antes de um juncal...
Eu resolvi dar uma olhada depois deste juncal...

Eis que lá estava a tal bolanta, com os dois remadores do grupo Bravos do Remo: os Tapenses Rodrigo Ventura "Kanga" e Maurício Lima "o assador". Em alguns minutos o grupo começou a chegar por lá...

Chegando nas Bolantas. (Foto: Maurício Lima)

As tais Bolantas da Panelinha



Chegamos, conversamos um pouco com os amigos do Bravos do Remo, tomamos um mate, cada um montou seu acampamento... Então resolvemos fazer um exercício para as pernas: subimos nas falésias para curtir o final de tarde... ficamos um bom tempo por lá, conversando, escutando as histórias do Kanga sobre os Javaporcos...






















(Foto: Gildomar Tambeira) 

Voltando para o acampamento, o Kanga fez questão de mostrar o banheiro de luxo dos pescadores: era só fazer o buraco no chão e sentar confortavelmente...

(Foto: Alvares Silveira da Silva)

Registrei o acampamento montado pelo pessoal do fundão (Alvares, Sidnei, Gildo, Trieste, Maciel).

 


Registrei também o acampamento montado pelo pessoal da beira da Lagoa (eu, Ricardo, Kanga e Maurício). O Ricardo escolheu montar a barraca bem encima de troncos de árvore... que conforto.


As roupas secando debaixo da aba da bolanta 340. Um detalhe legal foi que as bolantas tem até instalação elétrica e lugar para colocar o lixo... Acho que alguém deve recolher de vez em quando, pois os dois latões de lixo nem estavam muito cheios. Sobre a energia, os pescadores devem trazer algum tipo de gerador a óleo diesel. Além disso, tinha um sistema de canos que pegava a água da chuva e levava até uma caixa de água... muito legal tudo isso.


Descemos das falésias, e logo a nuvem de chuva deu uma passada no acampamento... só para lavar as barracas. Até um arco-íris se formou na lagoa.

(Foto: Gildomar Tambeira)

Depois disso, começamos os preparativos para o churrasco. O Maurício tomou conta, fez um assado de patrão...

(Foto: ?quem souber me avisa?)

(Foto: Gildo)

(Foto: Alvares Silveira da Silva)

(Foto: Alvares Silveira da Silva)

Carne no fogo e a gurizada foi se chegando para botar conversa fora...

(Foto: ?quem souber me avisa?)

Até um vinhozinho italiano o Gildo levou... e dos bons. Foi até um pecado bebermos ele em copos de plástico...

Além disso, como não tínhamos uma tábua para cortar a carne, foi usado um das tampas do caiaque do Alvares.

(Foto: Gildomar Tambeira)

Foi um churrasco de respeito... o pessoal foi comendo, dando risada e escutando as histórias do Kanga e Maurício sobre as "famosas" bolas de fogo.

Eram quase 23 horas e já estava todo mundo nas barracas...


2º Dia



Acordei não eram nem 5:30, sem despertador, seguindo o meu lema: "Deus ajuda quem cedo madruga". Ficava só espiando na fresta da barraca para ver quando o sol iria nascer na Lagoa. Logo que vi uma movimentação, saí da barraca para começar mais um dia de remada...

Tiramos várias fotos do nascer do sol, da lua cheia que ainda se exibia faceira no outro lado. A Lagoa dos Patos tem um nascer do sol muito bonito... olhando de cima das falésias então...
























(Foto: Gildomar Tambeira)

Depois disso, desci das falésias, tirei mais algumas fotos das Bolantas, tomei um café com os amigos Tapenses (churrasco novamente), um matezito... e comecei a arrumar as tralhas.






(Foto: Gildomar Tambeira)


Tirei ainda as tradicionais fotos dos caiaques dos amigos...

Taraquá do Trieste.
Marina 440 do Gildo.
Duplão SIOUX do Alvares e Sidnei.
OPIUM do Hélio.
Batemos a última foto da turma toda reunida.

(Foto: Rodrigo Ventura Oliveira)


Hora de botar os remos na água e iniciar o retorno para Itapuã.

(Foto: ?quem souber me avisa?)



Passamos novamente pela Ilha do Veado...



Depois da ilha, paramos numa pequena praia de pescadores, bem perto.




Saí junto com o Alvares, Sidnei e Ricardo, mas logo me separei dele e parei na Praia da Sepultura para esperar o resto do grupo... Foram alguns minutos parados só apreciando o silêncio de estar sozinho no meio da natureza. Relembrei minha remada de verão...







O pessoal chegou, e fomos em direção a Ilha da Ponta Escura, local combinado para dar uma parada e fazer uma rápida refeição. Tentamos parar numa praia antes, mas tinha tanta mutuca que foi inviável. Apelidamos o local de Praia da Mutuca.


Depois do almoço, focamos na Ilha do Junco. Neste trecho, o Guaíba já estava com um pouco de onda e vento...



Passamos a boreste da ilha, atravessando o pelo canal de navegação logo em seguida.








Fizemos a última parada na Praia da Onça. O Hélio se despediu e seguiu seu rumo...


O fim estava próximo, o Camping das Pombas já estava na nossa frente... o camping estava lotado, nem parecia o mesmo lugar que deixamos os carros no sábado pela manhã. Era hora de sair da água, cansado, mas com o semblante cheio de satisfação.




Agora era só mais uns 50 km de carro até o GPA, para deixar o caiaque. Barco lavado, tudo organizado no box, dei uma caminhada até a beira do Guaíba para ver como estava o final de tarde... e esse foi o fim de mais uma remada.



Essa foi a primeira de muitas remada em conjunto dos grupos ESK e Bravos do Remo.



Segundo o Gildo, esse foi o trajeto aproximado, uns 60 km.

(Imagem: Gildomar Tambeira)