A inteligência é o farol que nos guia,
mas é a vontade que nos faz caminhar.
Érico Veríssimo
É importante usar o tempo fazendo coisas que gostamos junto com pessoas que são importantes para nós. Esse foi o espírito que deu força para organizarmos e realizarmos a Remada Caminho dos Faróis.
Em 2017, o Alexandre Goularte e eu tivemos que abortar no meio da Expedição Lagoa dos Patos 360º - ano 2, quando já estávamos com mais de 300km remados, por causa dos ventos fortes, lá pelas bandas de Tavares. Apesar de ser algo totalmente normal, isso de certa forma nos frustrou. Em 2018, por motivos pessoais, mesmo estando com tudo planejado, não consegui fazer uma remada maior no período de verão. Para 2019 ficou tudo certo, grupo reunido, trajeto planejado, equipamentos em dia, preparação física legal, todos com o mesmo espírito de grupo e amizade e focados em chegar no nosso ponto final. Alguns tinham mais tempo, outros menos, mas estávamos trabalhando com uma boa margem de segurança nesta questão.
Fiz um trip contract e apresentei pra turma... Eles compraram a ideia, se prepararam, estavam animados. Isso já representava um percentual grande de chance de sucesso, tanto no sentido de ser uma remada tranquila no que tange aos relacionamentos interpessoais, quanto a possibilidade de chegarmos ao local que planejamos para ser o destino da jornada.
Formação do Grupo
Quando decidi tirar do papel e iniciar o planejamento da Remada Caminho dos Faróis, os pensamentos sobre qual grupo iria estar comigo nesse trajeto ficaram na minha cabeça por algumas boas horas. Várias dúvidas apareceram: Devo fazer um convite apenas para pessoas específicas ou devo abrir esse convite para um grupo maior? Devo aceitar apenas pessoas conhecidas, das quais eu já tenho uma mínima ideia do comportamento, ou vale a pena deixar alguém novo participar? O que importa é aptidão física ou as atitudes e comportamentos no grupo tem mais valor? O grupo estará também aberto para quem for realizar apenas uma parte do trajeto ou é importante que todos estejam comprometidos com o objetivo final? Qual o tamanho ideal para um grupo que ficará tantos dias remando junto? Quanto mais pessoas mais conflitos ou mais força, segurança e energia agregada? Cada uma dessas respostas leva a outros questionamentos mais profundos.
Depois de muito pensar, acabei convidando um grupo de pessoas conhecidas, das quais tenho certa afinidade. Não limitei a quantidade nem o trajeto que iriam realizar. Algumas dessas pessoas já se conheciam bem, outras eram apenas amigas virtualmente. Como não teríamos uma logística para resgate de todos, um balizador foi que quem quisesse participar deveria agilizar sua logística.
No final, realizaram todo o percurso 5 remadores: Letícia Jost, Alexandre Goularte, Leonardo Esch, Ramon Ladvig e eu. Ainda tivemos o privilégio de compartilhar 1 dia de remada com o Roberto Buryl e outros 6 dias com o Leonardo Lenzi.
Trajeto planejado
O planejamento de uma remada é fator fundamental para o seu êxito. Para a Remada Caminho dos Faróis, nosso planejamento era sair de Porto Alegre, da Praia de Ipanema e percorrer todos os faróis das lagoas do RS. Além disso, se fosse possível, visitar a Ilha da Feitoria, Ilha Marechal Deodoro e Lagoa Pequena. O ponto final foi a Ponte Internacional Barão de Mauá, no Rio Jaguarão.
Além de mapas, cartas náuticas, levamos vários dispositivos de GPS e um SPOT. O GPS é importante para nosso planejamento como grupo e para as medições diárias. O SPOT é importante para manter as pessoas que nos acompanham tranquilas e atualizadas ou para uma possível emergência.
O trajeto que realizamos foi gravado no GPS, totalizando 610km, 18 dias no total, 16 dias remados. Iniciamos no dia 05/01/2019 e encerramos no dia 22/01/2019.
Não conseguimos visitar a Ilha da Feitoria, nem a Ilha Marechal Deodoro, tampouco a Lagoa Pequena. Tudo bem, ficou para uma próxima remada, com mais calma, para poder apreciar melhor as belezas do local.
Chegou a hora...
Combinamos de nos encontrar lá em casa, sábado, dia 05/01/2018, pelas 8 da manhã. Tudo certo, todos no horário marcado. O Leonardo (e a Tiane) e o Alexandre (a Patrícia e a Valentina) chegaram praticamente juntos. Logo fomos em comboio para a praia de Ipanema, bem ao lado do restaurante flutuante Pérola Negra, arrumar as tralhas nos caiaques e fazer as despedidas das pessoas que gostamos.
Momentos descontraídos, de muitas risadas, que escondem um pouco de ansiedade e nervosismo. Mistura de sentimentos bem natural para quem está começando uma aventura assim.
O pai (como sempre) e a Fê estavam lá para me dar um tchau.
Em questão de 45min, partimos remando e conversando em direção a Ponta Rasa e depois atravessamos o Guaíba para a Ponta do Ceroula. Paramos rapidamente por lá e logo voltamos aos caiaques e aproamor para a Ponta do Salgado, ponto de encontro com a turma da Biguá.
Quando chegamos na Ponta do Salgado a turma de Barra do Ribeiro (Ramon Ladvig, Letícia Jost e Roberto Buryl) já estava por lá, descansando fazia algum tempo.
Chegamos cedo ainda e pudemos aproveitar as belezas do local. No outro dia, Roberto voltou para Barra do Ribeiro e o resto do grupo partiu rumo ao Farol de Itapuã.
Praia do Sítio
Atravessamos novamente o Guaíba, bem na altura da Ilha do Junco, e fomos costiando as lindas praias da região de Itapuã, até chegarmos na Praia do Sítio. Lugar lindo, onde as figueiras ficam tão na beira da água que é possível, ao meio dia, ficar no caiaque, na água, na sombra das figueiras. Descansamos e exploramos um pouco a praia, indo até uma antiga igreja abandonada, no meio da mata. O Alexandre foi nosso guia. Celebramos o casamento da Letícia e Ramon.
Farol de Itapuã
Alguns minutos depois da Praia do Sítio, passamos pelo Farol de Itapuã. Pela proteção que tinhamos por remar tão no costado dos morros, não estávamos pegando nada de vento.
Ao passar o farol, remamos vagarosamente para ver as diversas argolas cravadas nas pedras. Eu consegui ver umas 3 ou 4. Dizem que são da época da Revolução Farroupilha. Logo depois já estávamos remando com bastante vento na Praia de Fora de Itapuã. Fomos até a Ponta das Desertas e acampamos num local bem ruim, com muito vento e muita areia.
No outro dia fizemos o saco da Varzinha e atravessamos a boca da Lagoa do Casamento (da ponta do Abreu até a ponta do Anastácio). Acampamos logo depois da ponta, num ótimo local, minutos antes de um grande temporal. Ufa...
No outro dia fizemos 55km até a fazenda Sentinela do Pampa, do amigo do Lenzi. Acho que pela manhã a gurizada remou uns 30km sem parar. Um pouco depois do meio dia, paramos numa granja, onde, de tão cansados, pessoal conseguiu tirar um ronco na sala de máquinas, com os motores ligados, trabalhando a todo vapor, fazendo um barulhão. Eu fui o último a chegar na granja, estava com o remo groe e com as mão cheias de bolha. Por causa disso, consegui ser mais lento que o meu normal. O sol estava bem forte naquela manhã.
E depois de um temporal de verão... os mais lindos finais de tarde (com direito a pipoca feita pela Letícia).
No outro dia fizemos 55km até a fazenda Sentinela do Pampa, do amigo do Lenzi. Acho que pela manhã a gurizada remou uns 30km sem parar. Um pouco depois do meio dia, paramos numa granja, onde, de tão cansados, pessoal conseguiu tirar um ronco na sala de máquinas, com os motores ligados, trabalhando a todo vapor, fazendo um barulhão. Eu fui o último a chegar na granja, estava com o remo groe e com as mão cheias de bolha. Por causa disso, consegui ser mais lento que o meu normal. O sol estava bem forte naquela manhã.
Fazenda do amigo do Lenzi
Não foi fácil encontrar o local da fazenda. Acabei apenas anotando o primeiro ponto que o Lenzi nos mandou no Whats, no entanto depois ele mandou um segundo, que tinha um acesso melhor. Ele ficou nos esperando no segundo, mas esse ninguém sabia onde era. Acabamos todos indo no primeiro ponto, não encontrando ninguém e depois seguindo remando até realmente encontrar ele. Primeiro o Leonardo Esch e depois Ramon, Letícia e eu... os dois grupos erraram o local inicial.
Lá ele, animado, eufórico, já estava acampado num mato de pinus, uns 500m da água. Apesar da preguiça e de termos cogitado acampar perto da água, todos fomos acampar por lá. Ele preparou um churrasco de ovelha e levou frutas, água e outras coisas para nós. Gracias Lenzi.
Na manhã seguinte, nosso primeiro obstáculo foi o tal Pontal São Simão. Ahhh, esqueci de contar que diz a lenda que corujas roubaram alguns espetos do Lenzi, que estavam pindurados em galhos de árvore... Diz a lenda...
Pontal São Simão
Com o verão de pouca chuva, a lagoa estava realmente baixa e o Pontal São Simão invadia a água uns 10km pra dentro, na direção da cidade de Tapes. Tivemos que arrastar os caiaques uns 200 metros, para não ter que remar os tais 20km (10km pra ir e mais 10km pra voltar).
Com o verão de pouca chuva, a lagoa estava realmente baixa e o Pontal São Simão invadia a água uns 10km pra dentro, na direção da cidade de Tapes. Tivemos que arrastar os caiaques uns 200 metros, para não ter que remar os tais 20km (10km pra ir e mais 10km pra voltar).
A lagoa estava grande na chegada ao pontal, com boas ondas. Acabei tendo que realizar um rolamento para evitar uma possível colisão com o Ramon, numa ratiada nossa ao andarmos muito juntos, com as ondas de través.
Paramos na areia para descansar e fazer um lanche antes de partir em direção às Caieiras.
Caieiras
Poucos conhecem e que continue assim... A praia das Caieiras é um lugar pequeno, de gente simples e de grande coração. Esse vilarejo de pescadores pertence ao município de Mostardas.
Inicialmente era uma parada para repor a água, mas acabamos ficando por lá e tendo uma das experiências mais marcantes de nossa viagem. Fomos comprar água... Acabamos comprando peixe e recebendo uma casa com cozinha e banheiro para usarmos. Além disso, conseguimos um ótimo gramado para acampar.
Lá conhecemos o João Braga, dono da bolanta que tem no Pontal São Simão, pescador que nos vendeu os peixes, dono da casa que nos foi emprestada. Além disso, foi ele que ajudou quando o Buff precisou de auxílio naquela região. Figura impar, que gosta de uma boa conversa.
Mas quem fez os primeiros contatos com a gente e agilizou essas facilidades todas foi o Ernani Otto, dono do Kebra-Galho, único bar na região, que mora no ônibus verde. Ele nos apresentou orgulhoso seu ônibus, com energia solar.
Poucos conhecem e que continue assim... A praia das Caieiras é um lugar pequeno, de gente simples e de grande coração. Esse vilarejo de pescadores pertence ao município de Mostardas.
Inicialmente era uma parada para repor a água, mas acabamos ficando por lá e tendo uma das experiências mais marcantes de nossa viagem. Fomos comprar água... Acabamos comprando peixe e recebendo uma casa com cozinha e banheiro para usarmos. Além disso, conseguimos um ótimo gramado para acampar.
Lá conhecemos o João Braga, dono da bolanta que tem no Pontal São Simão, pescador que nos vendeu os peixes, dono da casa que nos foi emprestada. Além disso, foi ele que ajudou quando o Buff precisou de auxílio naquela região. Figura impar, que gosta de uma boa conversa.
Mas quem fez os primeiros contatos com a gente e agilizou essas facilidades todas foi o Ernani Otto, dono do Kebra-Galho, único bar na região, que mora no ônibus verde. Ele nos apresentou orgulhoso seu ônibus, com energia solar.
Porto do Barquinho
No outro dia, depois das Caieiras, fizemos uma rápida passagem pelo Porto do Barquinho, que se resumiu a bater um papo com a tripulação do Folsad2. Ah, o Leonardo Esch ainda teve um encontro com um SUPista de cueca (diz o alemão que era sunga), conhecido dele (infelizmente não temos registros deste momento).
No outro dia, depois das Caieiras, fizemos uma rápida passagem pelo Porto do Barquinho, que se resumiu a bater um papo com a tripulação do Folsad2. Ah, o Leonardo Esch ainda teve um encontro com um SUPista de cueca (diz o alemão que era sunga), conhecido dele (infelizmente não temos registros deste momento).
Num dia de bastante vento fomos até o Farol Cristóvão Pereira. A gurizada tava numa alegria que só vendo, pois esse era o primeiro farol que eles ainda não conheciam (o Farol de Itapuã todos já conheciam). Foi uma felicidade geral. Paramos e tiramos várias fotos.
Um dia de descanso
Seguimos viagem e terminamos o dia uns 14km antes do balneário de Tavares. No outro dia o vento estava mais forte, acabamos ficando acampados, sem remar. Aproveitamos para curtir o acampamento, fazer caminhadas pela região, treinar alguns resgates (com e sem bermuda) e fazer comida.
O jantar preparado de forma coletiva e o pôr do sol foram os pontos altos do dia...
Visita rápida em Tavares
No outro dia, acordamos cedo e fomos remando em direção a Tavares. Dia feio e com chuva. Paramos na casa do seu Eraldo para pedir água. Enchemos nossos compartimentos todos, batemos um papo com ele e sua esposa Vani e seguimos viagem. 5km depois chegamos no nosso 3º farol, o Capão da Marca.
Farol Capão da Marca
Por sorte ou azar, e para a felicidade dos remadores, o farol estava com sua porta aberta. Então, toda a turma subiu para conhecer o gigante de metal.
Seguimos viagem, abaixo de chuva, tentando encontrar o tal Camping do Vô Tarcilo (ou camping do vovô garotinho, pros mais íntimos), que nada mais era do que uma vilinha de pescadores. Demos sorte de encontrar um pequeno ônibus que levava comida para vender na região. Fizemos nosso rancho...
Terminamos o dia um pouco mais pra frente. Estávamos todos indecisos sobre o local onde acampar. Fomos averiguar uns 2 ou 3 locais. Não gostamos de nenhum. A turma queria acampar em um local com mata nativa.
Finalmente paramos perto de uma região que eu e Alexandre já havíamos acampado. Local estava meio molhado, pois tinha chuvido o dia todo. O final de tarde estava lindo. Subi em uma barranca para conseguir sinal de celular e falar com a família (mesma barranca que subi da outra vez para conseguir sinal de telefone).
Finalmente paramos perto de uma região que eu e Alexandre já havíamos acampado. Local estava meio molhado, pois tinha chuvido o dia todo. O final de tarde estava lindo. Subi em uma barranca para conseguir sinal de celular e falar com a família (mesma barranca que subi da outra vez para conseguir sinal de telefone).
Ruínas do Bojurú
Partimos em busca das Ruínas do Bojuru. Depois de algumas horas de remada, chegamos naquela pequena ilhota, com uma figueira no meio. Como a água e o vento estavam relativamente calmos, até desembarcamos para conhecer aquele local, que há anos atrás foi um farol.
Praias do Bojurú
Depois das ruínas, remamos até a barra falsa, atravessamos reto e fomos almoçar nas praias do Bojurú. Local esse com águas claras e areia branca, com figueiras e coqueiros bem na beira da água. Certamente é um dos poucos recantos ainda preservados da nossa lagoa.
Mangrulhos do Estreito
Quando chegamos no Pontal do Estreito tínhamos algumas opções: ficar parado por causa do temporal que se armava, ir no Mangrulho ou atravessar reto para o restaurante. Discutimos um pouco, levantamos as opiniões, e decidimos ir até o mangrulho e depois cruzar o Saco do Rincão em direção ao restaurante.
Depois das ruínas, remamos até a barra falsa, atravessamos reto e fomos almoçar nas praias do Bojurú. Local esse com águas claras e areia branca, com figueiras e coqueiros bem na beira da água. Certamente é um dos poucos recantos ainda preservados da nossa lagoa.
Quando chegamos no Pontal do Estreito tínhamos algumas opções: ficar parado por causa do temporal que se armava, ir no Mangrulho ou atravessar reto para o restaurante. Discutimos um pouco, levantamos as opiniões, e decidimos ir até o mangrulho e depois cruzar o Saco do Rincão em direção ao restaurante.
Restaurante Beira da Lagoa
Com o el niño mostrando sua força, chegamos no Restaurante Beira da Lagoa abaixo de raios e trovoadas. Na travessia, o grupo acabou se dividindo, mas todos chegaram bem. Por já ter passado por lá, eu enxergava o restaurante de longe e estranhei os diversos trajetos que estavam sendo feitos pela turma do GPS.
Ao chegar lá, o Mauro, um dos donos, nos recebeu de sorriso aberto (e restaurante fechado) e ficamos conversando bastante. Já sabíamos que o restaurante só abriria na terça-feira meio dia. Acabou que ele nos ofereceu duas cabanas para passarmos a noite. Havíamos contado a ele que nosso objetivo era ficar alí até o restaurante abrir, para podermos saborear as delícias que eles preparam por lá.
Para mim, em especial, aquele dia foi importante. Eu tinha o desejo de conhecer os Mangrulhos do Estreito e acabamos conseguindo. Além disso, conseguimos também chegar no local de resgate do Lenzi, num bom horário, que era uma das metas daquele dia.
Depois de algum tempo a carona dele chegou, colocamos o caiaque dele encima do carro, batemos uma foto da turma toda, nos despedimos e ele partiu.
Com o el niño mostrando sua força, chegamos no Restaurante Beira da Lagoa abaixo de raios e trovoadas. Na travessia, o grupo acabou se dividindo, mas todos chegaram bem. Por já ter passado por lá, eu enxergava o restaurante de longe e estranhei os diversos trajetos que estavam sendo feitos pela turma do GPS.
Ao chegar lá, o Mauro, um dos donos, nos recebeu de sorriso aberto (e restaurante fechado) e ficamos conversando bastante. Já sabíamos que o restaurante só abriria na terça-feira meio dia. Acabou que ele nos ofereceu duas cabanas para passarmos a noite. Havíamos contado a ele que nosso objetivo era ficar alí até o restaurante abrir, para podermos saborear as delícias que eles preparam por lá.
Para mim, em especial, aquele dia foi importante. Eu tinha o desejo de conhecer os Mangrulhos do Estreito e acabamos conseguindo. Além disso, conseguimos também chegar no local de resgate do Lenzi, num bom horário, que era uma das metas daquele dia.
Depois de algum tempo a carona dele chegou, colocamos o caiaque dele encima do carro, batemos uma foto da turma toda, nos despedimos e ele partiu.
À noite fomos num quiosque comer camarão. Esse quiosque faz parte dum camping que fica na direção leste do restaurante. Ao voltar do quiosque, pela beira da praia, vem um carro em alta velocidade e para do nosso lado. Era o Cristiano Machado, remador de São José do Norte, e sua família. Combinamos de almoçar juntos no dia seguinte.
Conforme combinado, no outro dia acordamos, arrumamos as cabanas, arrumamos os caiaques e ficamos só esperando o restaurante abrir... Ao abrir, atacamos...
Conforme combinado, no outro dia acordamos, arrumamos as cabanas, arrumamos os caiaques e ficamos só esperando o restaurante abrir... Ao abrir, atacamos...
Um teto, no momento certo
Saímos pelas 14h do restaurante, em meio a um grande temporal. Em poucos minutos de remada começou a relampejar bastante e voltamos novamente ao restaurante para esperar parar. Parou e saímos e em menos de uma hora paramos novamente em uma casa abandonada na beira da lagoa por causa dos raios. Depois seguimos mais um pouco e acho que 1km antes da Várzea, numa casa que tinha um beiral pra botar as barracas embaixo. Logo veio o temporal monstro.
Pelas previsões de vento iríamos ficar lá por mais pelo menos 1 dia, mas na manhã seguinte resolvemos arriscar e seguir para a Ilha da Sarangonha. Fomos em direção ao meio da ilha, por ser mais abrigado do vento Oeste.
Saímos pelas 14h do restaurante, em meio a um grande temporal. Em poucos minutos de remada começou a relampejar bastante e voltamos novamente ao restaurante para esperar parar. Parou e saímos e em menos de uma hora paramos novamente em uma casa abandonada na beira da lagoa por causa dos raios. Depois seguimos mais um pouco e acho que 1km antes da Várzea, numa casa que tinha um beiral pra botar as barracas embaixo. Logo veio o temporal monstro.
Pelas previsões de vento iríamos ficar lá por mais pelo menos 1 dia, mas na manhã seguinte resolvemos arriscar e seguir para a Ilha da Sarangonha. Fomos em direção ao meio da ilha, por ser mais abrigado do vento Oeste.
Ilha da Sarangonha
Laranjal
Não foi nada fácil sair da Ilha da Sarangonha e chegar na Praia do Laranjal. Pegamos vento Oeste, batendo de frente todo o tempo, o que acabou aumentando bastante o tempo de remada. A distância entre a ilha e a praia é aproximadamente de 15km e em condições normais levaria entre 2 e 3 horas. Creio que levamos entre 4 e 5 horas de muito esforço. Tentamos várias estratégias para manter o grupo junto. Deu certo por um bom trecho, mas depois a turma separou, formando pequenos grupos.
A chegada na praia, foi algo bem importante, pelo fato de ser a última grande travessia. Além disso, estavam nos esperando lá os amigos Kenneth Ernst Scholl, Marcio Pizarro, Eva Rosane Da Silva de Souza, Cristina Garcia Pizarro.
Por uma incrível conhecidência, o amigo Micael Dias de Tapes, que estava realizando em solitário sua expedição chamada Minuano, estava chegando naquele exato momento no Laranjal.
A turma fez compras no mercado, confraternizamos num churrasco na Prowind e por fim fomos dormir quase todos lá em casa, menos o Alexandre que foi para a casa de familiares.
(Foto: Cristina Garcia Pizarro)
(Foto: Cristina Garcia Pizarro)
(Foto: Cristina Garcia Pizarro)
(Foto: Cristina Garcia Pizarro)
(Foto: Cristina Garcia Pizarro)
Prowind
Na Prowind o tempo passa mas o esquema não muda. Todos são sempre muito bem recebidos lá. Deixamos os nossos caiaques lá e a turma de remadores de Pelotas organizou rapidamente um churrasco para confraternizarmos e contarmos algumas histórias. Churrasco assado pelo mestre João. Estava nota 10.
Na Prowind o tempo passa mas o esquema não muda. Todos são sempre muito bem recebidos lá. Deixamos os nossos caiaques lá e a turma de remadores de Pelotas organizou rapidamente um churrasco para confraternizarmos e contarmos algumas histórias. Churrasco assado pelo mestre João. Estava nota 10.
(Foto: Cristina Garcia Pizarro)
Subida do São Gonçalo
Dormimos lá no Laranjal, lá na casa da mãe. Ao acordar, tomamos café e fomos para a Prowind pegar os caiaques. Tudo pronto, lagoa calma, partimos para a boca do canal São Gonçalo. Usamos a estratégia de andar um bem atrás do outro (carona) para ajudar na velocidade do grupo. Paramos no Veleiro Saldanha da Gama para descansar e pedir informações dos horários da eclusagem. Logo depois avistamos o porto de Pelotas e finalmente passamos a ponte do trem e as pontes da estrada Pelotas - Rio Grande.
Eclusagem
Chegamos na Eclusa um pouco antes do horário marcado para eclusagem. Então paramos e fizemos um lanche bem perto do local designado. Ao chegar no horário já estávamos no local. No entanto o jardineiro, que estava encarregado de liberar a passagem, disse que só era feita a eclusagem para barcos a motor. Tivemos que conversar bastante até ele ligar para o supervisor e liberaram a passagem. Foi uma experiência diferente, no entanto o desnível de água é bem pequeno, menos de 25cm.
Neste dia chegamos até o Arroio Pavão e acampamos na margem oposta.
Pescaria
Eu eu o Leonardo remávamos na margem do Rio Piratini. Ramon, Letícia e Alexandre na outra.
Daqui a pouco eu vejo a turma da outra margem parar, sair do caiaque e fazer aquela correria. Falei pro Leonardo: "Eh peixe". Eu segui remando pra frente, mas o alemão voltou pra ver o que estava acontecendo.
Resumindo: quase na boca do Rio Piratini, no lado oposto, Ramon e Alexandre literalmente caçaram uma carpa-capim, apenas com um remo e uma faca. Pegaram uma só pois não teríamos como preparar mais e a carne certamente iria fora.
Depois, quando nos encontramos, eles relataram que devia ter pelo menos umas 20 carpas de mesmo tamanho embretadas no banhadinho.
Eu eu o Leonardo remávamos na margem do Rio Piratini. Ramon, Letícia e Alexandre na outra.
Daqui a pouco eu vejo a turma da outra margem parar, sair do caiaque e fazer aquela correria. Falei pro Leonardo: "Eh peixe". Eu segui remando pra frente, mas o alemão voltou pra ver o que estava acontecendo.
Resumindo: quase na boca do Rio Piratini, no lado oposto, Ramon e Alexandre literalmente caçaram uma carpa-capim, apenas com um remo e uma faca. Pegaram uma só pois não teríamos como preparar mais e a carne certamente iria fora.
Depois, quando nos encontramos, eles relataram que devia ter pelo menos umas 20 carpas de mesmo tamanho embretadas no banhadinho.
Neste segundo dia tivemos bastante sorte, pois o vento estava empurrando, fazendo ondas que nos ajudaram bastante.
Seguimos remando, passamos a Ilha Grande sem nem mesmo perceber. Quando chegamos na Ilha pequena achamos que estávamos na ilha grande. Logo depois já estávamos chegando em Santa Isabel.
Santa Isabel
Nossa passagem por Santa Isabel foi bem rápida, pois estávamos com frio e bastante molhados. Paramos lá pois precisávamos encontrar óleo e farinha de trigo para fritar o peixe que o Alexandre e o Ramon caçaram, caso contrário toda aquela carne iria fora. A turma foi procurar um bar enquanto eu ficava cuidando dos barcos. Acho que até tiraram fotos da igrejinha, nem sei. Missão cumprida, era hora de seguir viagem por mais alguns kms e entrar na Lagoa Mirim.
Entramos na lagoa e agora bastava procurar a Rebio Mato Grande. Não foi difícil encontrar, era só ir costeando. Chegamos lá, montamos acampamento, pois o tempo estava se fechando. Logo cortamos o peixe, lavamos na lagoa e temperamos. Ai então veio o temporal.
Nossa passagem por Santa Isabel foi bem rápida, pois estávamos com frio e bastante molhados. Paramos lá pois precisávamos encontrar óleo e farinha de trigo para fritar o peixe que o Alexandre e o Ramon caçaram, caso contrário toda aquela carne iria fora. A turma foi procurar um bar enquanto eu ficava cuidando dos barcos. Acho que até tiraram fotos da igrejinha, nem sei. Missão cumprida, era hora de seguir viagem por mais alguns kms e entrar na Lagoa Mirim.
Entramos na lagoa e agora bastava procurar a Rebio Mato Grande. Não foi difícil encontrar, era só ir costeando. Chegamos lá, montamos acampamento, pois o tempo estava se fechando. Logo cortamos o peixe, lavamos na lagoa e temperamos. Ai então veio o temporal.
Reserva Biológica Mato Grande
Acho que foi o maior temporal, em termos de velocidade de vento. Por sorte, estávamos bem protegidos dentro do mato.
Depois do temporal, embaixo da lona da Letícia, preparamos a janta. Todos cansados, mas ficamos esperando aquele monte de carne fritar... Comemos um pouco e então fomos dormir.
Acordamos no outro dia e o vento continuava forte. Acabamos ficando o dia inteiro esperando o vento acalmar. Aproveitamos para conhecer melhor o lugar, comer e descansar.
Farol da Ponta Alegre
Saímos cedo da Rebio Mato Grande, todos com muita energia e ansiedade de quem ficou um dia parados, só comendo e descansando. Fomos com todo gás até o Camping da Praia do Pontal, já no município de Arroio Grande, onde paramos e fizemos um ótimo lanche no pequeno bar que tinha lá, bar do seu João.
Saímos de lá preocupados com o vento que tinha aumentado bastante, pegamos vento na proa até fazermos a curva para o Farol da Ponta Alegre. Depois de fazer a curva, foram mais 5km de grandes ondas, até a parada exatamente na frente do último farol que iríamos passar.
Montamos o acampamento e visitamos o farol. No final de tarde tomamos um bom chimarrão lá encima do farol, apreciando o pôr-do-sol e o nascer da lua cheia.
No outro dia, acordamos bem cedo para ver a lua cheia, alinhada com o farol.
Partimos com a lagoa calma ainda. Foi um dia de pouco vento, muito sol, até pararmos num ótimo matinho uns 500 metros da foz do Rio Jaguarão. Uma janta preparada pelos homens e depois descansar para subir o rio.
Saímos cedo da Rebio Mato Grande, todos com muita energia e ansiedade de quem ficou um dia parados, só comendo e descansando. Fomos com todo gás até o Camping da Praia do Pontal, já no município de Arroio Grande, onde paramos e fizemos um ótimo lanche no pequeno bar que tinha lá, bar do seu João.
Saímos de lá preocupados com o vento que tinha aumentado bastante, pegamos vento na proa até fazermos a curva para o Farol da Ponta Alegre. Depois de fazer a curva, foram mais 5km de grandes ondas, até a parada exatamente na frente do último farol que iríamos passar.
Montamos o acampamento e visitamos o farol. No final de tarde tomamos um bom chimarrão lá encima do farol, apreciando o pôr-do-sol e o nascer da lua cheia.
No outro dia, acordamos bem cedo para ver a lua cheia, alinhada com o farol.
Partimos com a lagoa calma ainda. Foi um dia de pouco vento, muito sol, até pararmos num ótimo matinho uns 500 metros da foz do Rio Jaguarão. Uma janta preparada pelos homens e depois descansar para subir o rio.
Rio Jaguarão e Marcos de Fronteira
Depois de acordar cedo (eu e Leo perdemos por 3x2 na votação do horário de acordar), subimos tranquilamente o Rio Jaguarão. Apesar das chuvas dos últimos dias, a correnteza não estava tão forte e fizemos uma boa média.
Bem no início do rio estão postados os dois marcos de fronteira, o brasileiro e o uruguaio. Batemos algumas fotos e seguimos em direção ao nosso objetivo maior.
Fizemos algumas paradas, e no início da tarde já estávamos no Iate Clube de Jaguarão, 1km antes do nosso ponto final. Lá descansamos embaixo de uma árvore, buscamos um refri gelado e conversamos com o Comodoro e alguns sócios que estavam lá.
Também fizemos contato com o Rodrigo Cegovia, secretário do turismo de Jaguarão, que nos conseguiu a chave de um moto clube que tem ao lado da ponte, para passarmos a noite.
O Alexandre já combinou o resgate com a Patrícia, sua esposa, e logo partimos para chegar na ponte.
Ponte Internacional Barão de Mauá
Fomos remando lentamente até a ponte, onde passamos e repassamos por debaixo da ponte várias vezes, comemoramos, nos cumprimentamos, tiramos várias fotos e fizemos alguns vídeos. Tinha chegado o fim nossa remada.
Logo, em alguns minutos, o Alexandre já estava guardando o caiaque no carro e partiu, levando a Letícia junto, para ela ir pra Barra do Ribeiro, para pegar o carro e buscar o Ramon.
Nos fomos para a sede do motoclube, tomar banho e descansar. Conseguimos guardar os caiaques num galpão no mesmo prédio, que era usado para ensaios de dança por uma invernada.
Ao final do dia saímos para jantar. Eu dormi dentro do motoclube, Ramon e Leo armaram as barracas na parte de fora.
No outro dia, acordamos e fomos fazer compras do outro lado da fronteira. Meu pai chegou lá para nos buscar. Ficamos nas compras até as 14, quando tinha combinado de pegar os caiaques que estavam guardados no galpão. Depois aquele processo de botar os caiaques encima do carro e fomos pra estrada.
Ramon e Letícia ainda ficaram aproveitando a cidade. Eu, pai e Leo fomos pra Pelotas.
Fomos remando lentamente até a ponte, onde passamos e repassamos por debaixo da ponte várias vezes, comemoramos, nos cumprimentamos, tiramos várias fotos e fizemos alguns vídeos. Tinha chegado o fim nossa remada.
Logo, em alguns minutos, o Alexandre já estava guardando o caiaque no carro e partiu, levando a Letícia junto, para ela ir pra Barra do Ribeiro, para pegar o carro e buscar o Ramon.
Nos fomos para a sede do motoclube, tomar banho e descansar. Conseguimos guardar os caiaques num galpão no mesmo prédio, que era usado para ensaios de dança por uma invernada.
Ao final do dia saímos para jantar. Eu dormi dentro do motoclube, Ramon e Leo armaram as barracas na parte de fora.
Ramon e Letícia ainda ficaram aproveitando a cidade. Eu, pai e Leo fomos pra Pelotas.
Fim
Certamente a alegria esteve entre nós em grande parte dos 18 dias da remada. Mas terminar com sucesso algo tão sonhado, tão planejado, tão suado, é gratificante. Obrigado a todos que participaram desta remada, seja remando de fato, ou ajudando de diversas formas. Sem a participação de cada um essa remada não teria tido esse final.
Notícias sobre a nossa remada
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Discorda de algo? Escreva...
Tem alguma dica para enriquecer a discussão? Mande...
Todas as fotos deste relato foram tiradas pelos participantes Leonardo Lenzi, Leonardo Esch, Ramon Ladvig, Letícia Jost, Alexandre Goularte e eu.
Sugestões e críticas são sempre bem-vindas. Obrigado.
Certamente a alegria esteve entre nós em grande parte dos 18 dias da remada. Mas terminar com sucesso algo tão sonhado, tão planejado, tão suado, é gratificante. Obrigado a todos que participaram desta remada, seja remando de fato, ou ajudando de diversas formas. Sem a participação de cada um essa remada não teria tido esse final.
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Todas as fotos deste relato foram tiradas pelos participantes Leonardo Lenzi, Leonardo Esch, Ramon Ladvig, Letícia Jost, Alexandre Goularte e eu.
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